Apesar de Paulo Guedes e Jair Bolsonaro (PL) tentarem maquiar o colapso da economia no país, um dado recente divulgado pela Confederação Nacional do Comércio (CNC) mostra que em novembro o índice de famílias com dívidas no cartão de crédito chegou a 85,2%, o maior da série histórica.
O aumento no uso do chamado “crédito rotativo” – uma espécie de empréstimo de emergência, que inclui ainda o uso do limite nas contas correntes – traça um cenário preocupante para 2022, como se uma bomba estivesse sendo armada para o próximo ano, que pode estourar com o aumento do endividamento e da inadimplência, freando ainda mais o pífio crescimento econômico projetado para o período.
Os dados mais recentes do Banco Central, de agosto, mostram que o endividamento das famílias chegou a 60%, alta de 8,8 pontos percentuais em um ano.
O problema é que esse endividamente está em grande parte no crédito rotativo, que é extremamente caro e de curto prazo, e que vem sofrendo aumentos recorrentes com a alta da taxa Selic, que está fechando o ano a 9,25%, com tendência de ultrapassar os 11% até o mês de março.
A Selic causa efeito cascata nos juros dos cartões de crédito, que em agosto já estava em 336% ao ano
“Além dos níveis elevados do endividamento e do comprometimento, o que merece atenção para 2022 é o crescimento do crédito emergencial, que tem juros acima de 100% ao ano”, disse ao Valor a economista Isabela Tavares, da Tendências.
Sérgio Vale, da MB Associados, acredita que o endividamento terá reflexos no PIB do próximo ano. “A economia vai crescer zero, a inflação vai ceder, mas ainda vai estar alta e ainda os juros vão encarecer o crédito. Para a população mais pobre a situação pode ficar mais complicada”, diz.