De acordo com dados do Banco Central (BC), o endividamento das famílias brasileiras atingiu picos recordes e já representa 59,9% da renda média anual. É o maior patamar desde o início da série histórica do BC, em 2005.
A inflação alta e a perspectiva de um aperto maior de juros devem afetar ainda mais o orçamento familiar e se tornar um limitador adicional à retomada do crescimento da economia brasileira.
Os dados do BC apontam para o comprometimento mensal de renda das famílias com o pagamento de juros e prestações – incluindo dívidas mais longas, tais como financiamento imobiliário, e outras de curto prazo, como carto de crédito ou parcelamento de compras, que chegaram a 30,9% em agosto.
A inadimplência se mantém estável, em 4,2%, mas economistas temem que o peso da inflação, que chegou a 10,25% na taxa acumulada em 12 meses até setembro, force as famílias a atrasarem as prestações com orçamento, que já se encontra apertado.
PIB
Ao O Globo, Simão Davi Silber, professor sênior do Departamento de Economia da USP e Pesquisador da FIPE, destaca o fato de que o consumo das famílias representa dois terços do Produto Interno Bruto (PIB), e que as dívidas devem ficar mais caras com a perspectiva de aumento na taxa de juros pelo BC, hoje em 6,25% ao ano.
“Para famílias com renda comprometida, o dilema vai ser tomar banho frio para comer. Estamos chegando a este nível, dada a pressão sobre o orçamento. Isso indica que as famílias têm capacidade de consumo comprometido ao longo de 2021”, resume a situação Silber.
Com informações d’O Globo