USP homenageia jornalista santista torturado e morto pela ditadura militar em 1971

O evento, que homenageia Luiz Eduardo da Rocha Merlino, integra o projeto Diplomação da Resistência, com transmissão online

O jornalista santista Luiz Eduardo da Rocha Merlino - Foto: Memorial da Resistência

O jornalista santista Luiz Eduardo da Rocha Merlino, torturado e assassinado aos 23 anos pela ditadura militar, será homenageado e diplomado, nesta segunda-feira (26), pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP). Outros 14 alunos, que também foram mortos, serão diplomados. De acordo com informações da USP, o evento integra o projeto Diplomação da Resistência.

Na solenidade serão entregues diplomas honoríficos de graduação, no Auditório Nicolau Sevcenko, que se localiza no Edifício Eurípedes Simões de Paula, dos Departamentos de Geografia e História da FFLCH, no bairro do Butantã, em São Paulo.

Ainda segundo a universidade, a iniciativa faz parte de um projeto que tem como objetivo homenagear 31 estudantes da USP e é fruto de uma parceria entre a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP), Pró-Reitoria de Graduação (PRG), Gabinete da vereadora e ex-aluna da USP Luna Zarattini e o coletivo de estudantes Vermelhecer.

Quem foi Merlino

Informações do Memorial da Resistência apontam que Luiz Eduardo da Rocha Merlino nasceu em Santos e, aos 17 anos, se mudou para São Paulo. Um ano depois, fez parte da primeira equipe de jornalistas do Jornal da Tarde. A partir daí, Merlino desenvolveu uma intensa carreira jornalística.

Em 1969, se envolveu em ações clandestinas para combater a ditadura militar, continuando seu trabalho jornalístico usando o pseudônimo Nicolau. No início da década de 1970, participou do 2º Congresso da Liga Comunista em Rouen, na França.

No dia 15 de julho de 1971, Merlino foi preso em Santos por agentes do Departamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi/SP) na casa de sua mãe.

Merlino morreu em 19 de julho de 1971 nos porões da ditadura. Porém, a família só foi informada na noite seguinte. As autoridades alegaram que ele teria sido vítima de um atropelamento ao tentar fugir, enquanto era transportado para o Rio Grande do Sul. Entretanto, havia evidências claras de que a versão oficial era mentirosa.

Outros presos políticos testemunharam que Merlino foi levado ao DOI-Codi/SP e sofreu uma sessão de tortura que durou 24 horas. Apesar de reclamar de fortes dores nas pernas, consequência do tempo que passou no pau de arara (forma de tortura em que a pessoa tinha pés e mãos amarrados e ficava pendurada), Merlino foi deixado sem atendimento médico em uma cela. Quando piorou, ainda foi levado a um hospital, mas não resistiu.

Sair da versão mobile