O presidente da Associação dos Guardas Civis Municipais da Baixada Santista, Rodrigo Coutinho, afirmou nesta sexta-feira (7) que espera uma punição “mais rigorosa” para o desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo Eduardo Siqueira, flagrado novamente sem máscara na orla de Santos. Durante a infração registrada por uma moradora na última quarta (5), Siqueira ainda debochou dos guardas e os acusou de “poluir a praia”.
“Esperamos que sirva como agravante para que uma possível punição dele seja mais rigorosa. Ele já vem demonstrando que tem dificuldades de cumprir regras, e por ser um desembargador, acha que é um cidadão diferente das outras pessoas”, disse Coutinho, em entrevista ao G1.
“Quem deveria dar o exemplo de boa conduta, por ser um magistrado, é ele, e quem polui a praia jogando papel no chão é ele. Possivelmente, os demais desembargadores se envergonham em ter um colega que se comporta assim”, completou.
Em Santos, decreto municipal obriga o uso do equipamento de proteção como forma de conter a pandemia de coronavírus e o descumprimento é punido com multa de R$ 100.
Em 18 de julho deste ano, o magistrado foi flagrado humilhando um agente da GCM de Santos, após ser multado por se recusar a utilizar máscara enquanto caminhava na praia. No vídeo, ele chama um deles de “analfabeto” e “otário”, chegando a rasgar a multa e jogar o que sobra do documento no chão. Por fim, o desembargador tenta dar uma “carteirada” e telefona para o secretário de Segurança Pública do município, Sérgio Del Bel.
Ainda na quinta, o guarda agredido por Siqueira, Cícero Hilário, disse ter ficado triste ao saber das afirmações do desembargador, que contradizem o pedido de desculpas emitido por ele após a repercussão do caso.
“Dá para ver que o pensamento dele é exatamente o que ele falou, e ele não vai mudar. Acredito que ele esteja tentando diminuir nosso trabalho e justificar o que ele fez. Não me senti ofendido porque não foi direcionado para mim, mas a gente fica muito triste por ler uma coisa dessas, ainda mais depois de toda a repercussão”, afirmou o agente.
Em maio, o desembargador já tinha ameaçado um inspetor GMC também após ser flagrado caminhando sem máscara. O Conselho Nacional de Justiça abriu processo para investigar a conduta de Siqueira.