O Ibama (Instituto Brasileiro de Recursos Naturais Renováveis) vai rastrear a armazenagem e a operação de produtos químicos perigosos no Porto de Santos. O plano foi ativado após a explosão no Porto de Beirute, no Líbano, que deixou mais de 100 mortos e 4.400 feridos.
As investigações apontam para uma carga de 2.750 toneladas de nitrato de amônio como o mais provável responsável pela violência da explosão. A carga também é operada no cais santista, conforme revelou a Folha Santista.
Usado como fertilizante na produção de alimentos, o nitrato de amônio não é um explosivo por si só. Ele se apresenta como um pó branco ou em grânulos solúveis em água e é seguro, desde que não aquecido ou em contato com alguma faísca.
Na última quarta-feira (5), a Autoridade Portuária de Santos (SPA) informou que todas as medidas de segurança são cumpridas. Segundo a SPA, a movimentação ocorre no Terminal Marítimo do Guarujá (Termag), na margem esquerda, e o produto “não é estocado por longos períodos, sendo basicamente uma operação de transbordo direto dos navios para caminhões”.
No entanto, já foram registrados acidentes na região envolvendo o nitrato de amônio. Em 2017, houve uma explosão na Vale Fertilizantes, no Complexo Industrial de Cubatão. Na ocasião, houve vazamento do produto e uma fumaça tóxica alaranjada atingiu áreas próximas da unidade, vendida para a Yara Fertilizantes em 2018.
“Vamos fazer uma varredura para rastrear produtos perigosos. Quero envolver a Autoridade Portuária, a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), a Receita Federal, a Marinha, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Quero ver se faço isso o mais rápido possível. É um alerta importante. Não é exagero”, afirmou a agente ambiental federal Ana Angélica Alabarce, responsável pelo Ibama na região, em entrevista ao jornal A Tribuna.
Além da explosão em 2017, segundo a agente, foram registrados flagrantes de descarte irregular de nitrato de amônio no mar. O produto foi despejado após limpeza de porões de
embarcações que trouxeram o produto ao cais santista.
Também em 2017, o Ibama identificou 115 cilindros com produtos químicos “esquecidos” no Porto de Santos por 22 anos. Entre as cargas, havia 15 recipientes com diborano, oito com diazometano, 41 com silano, 34 com fosna, 16 com cloreto de hidrogênio e um com triuoreto de boro, todos tóxicos ou explosivos. O material foi destruído em alto mar.
“No caso do Líbano, as informações são de que o produto estava armazenado há seis
anos. Nós ficamos 22 com vários gases. Isso iria nos trazer problema muito maior e não
podemos esquecer que temos a Ilha Barnabé. Empresas têm responsabilidades mas
poder público tem que car em cima”, alertou a chefe regional do Ibama.