Um policial militar reformado de 51 anos foi acusado pela própria enteada de abuso sexual. A adolescente de 16 anos contou que o padrasto a estuprou durante três anos, entre 2020 e 2022, em Praia Grande. Após revelar os crimes à mãe, ela escreveu uma carta relatando os abusos aos seus advogados.
No texto ela afirma que ele injetava testosterona nela para que ela ficasse com o corpo “mais bonito” para os abusos. Após anos de violência sexual, a adolescente resolveu gravar áudios do padrasto, para ter provas contra ele.
Na carta, a menina diz que tomou coragem para captar as gravações no dia 17 de junho. “Demorei um pouco para contar porque eu não sabia o que ele seria capaz de fazer se soubesse que eu falei e tinha provas”, escreveu.
Suspeito está solto
Apesar das denúncias, o acusado continua solto, pois sua prisão preventiva pedida pela delegada foi negada pela Justiça. Segundo a advogada da adolescente, “no caso deles, não houve flagrante. Embora esteja constatado que houve, até mesmo porque teve um áudio, a delegada pediu a prisão temporária, mas o juiz negou. Ela tinha o laudo, mas não a carta. Hoje, ela está com medida protetiva. A gente tem que demonstrar, para o juiz poder deferir, que ele é um risco mesmo solto”, disse.
“Difícil e doloroso”
A menina conta na carta ser “muito difícil e doloroso” lembrar de sua história. O padrasto e a mãe da menina estavam juntos há 12 anos e teriam começado a morar na mesma casa em 2021.
O caso, segundo o jornal A Tribuna, é investigado pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Praia Grande.
A mãe soube dos abusos apenas no Dia dos Pais deste ano, quando a vítima mostrou áudios que comprometiam o padrasto. A mulher, que também é policial militar, chegou a entrar em luta corporal com o marido. O homem saiu de casa e, agora, deve cumprir uma medida protetiva de afastamento.
A violência, segundo a vítima, teria começado em 2021, quando eles voltavam de um passeio a Peruíbe. O PM reformado a beijou e colocou as mãos na genitália dela.
“Chegando na Praia Grande ele levou os filhos dele em casa e foi me levar na minha casa, e no carro ele disse que eu nunca podia falar aquilo para ninguém porque é uma coisa superproibida. E mesmo se eu falasse, ninguém ia acreditar em mim, e que nunca ia dar em nada porque ele é policial militar”, diz a adolescente na carta.
Ela diz ainda que o sujeito a puxava pelo braço até o quarto dele quando não havia ninguém em casa. “Aconteceu várias vezes e todas sem o uso de preservativo. Sempre doía muito, mas ele falava que era porque eu sou nova […] e com o tempo ia me acostumar”.
O padrasto justificava os abusos dizendo que, se aconteceu, foi porque “Deus permitiu”. Ele teria dito que terminaria com a mãe da adolescente para ficar com ela assim que ela acabasse o Ensino Médio.
“Ele comentou muitas vezes que eu tinha mais corpo que muitas mulheres, e por eu menstruar e ter menos testosterona que o homem, eu não ia conseguir resultado nenhum treinando, só tomando alguma coisa para evoluir nos treinos”, escreveu.
Testosterona
Segundo a menina, em 2022, o acusado teria injetado testosterona nela pela primeira vez. Ela disse que não queria, mas ele afirmava que, se ela parasse, ficaria com o corpo “cheio de estrias, celulites, espinhas e queda de cabelo”. Ao longo dos anos de abusos, o homem ainda teria sido possessivo e a ameaçado caso contasse algo a alguém.
Suspeito nega
O advogado Christiano Marcos, que defende o ex-PM, afirma que “as acusações propostas pela suposta vítima e sua genitora são inverídicas, pois não passam de uma armação”. Diz ainda que o cliente é inocente e provará isso no decorrer da instrução criminal.
Com informações do jornal A Tribuna.
