Poucos times ou jogadores no futebol nacional conseguem a proeza de superar intensas rivalidades e atrair a paixão de torcedores de todos os clubes. O Santos conquistou esse feito mais de uma vez, formando jovens craques, de gerações distintas, que encantaram o país e resgataram a tradição brasileira do futebol-arte.
O fato de ter lançado Pelé no time principal quando ele tinha apenas 16 anos ficou impregnado no DNA do clube. A tradição continua. Pesquisa recente, realizada pela Pluri Consultoria, aponta que o Santos é o time que mais deu oportunidades aos jogadores das categorias de base nos últimos cinco anos (de 2015 a 2019).
De acordo com o estudo, com 39,6%, o clube lidera o ranking de porcentagem de minutos jogados por jovens formados na base na equipe principal.
Apesar da liderança, a temporada 2019 representou uma queda acentuada na utilização dos garotos. Ainda conforme o estudo da Pluri, de 2018 a 2019 a queda foi de quase 23% (de 45,5% para 22,9%).
Contudo, a expectativa de todos na Vila Belmiro é que, em 2020, o Santos volte a apostar na garotada da base. Uma das principais razões é o fato de o clube passar por dificuldades financeiras, aliás como quase todos no país.
O ranking da Pluri considera no levantamento todas as competições disputadas por equipes principais no período. Conforme o estudo, os meias foram os jogadores de base mais usados no Santos, com 40%. Em seguida aparecem os defensores (38%), atacantes (19%) e goleiros (3%).
Ainda segundo o estudo, o Athletico Paranaense aparece na segunda colocação do ranking, com 33,8% de utilização, seguido por Fluminense (29,4%); Coritiba (27,1%); e Goiás (25,7%).
Outras gerações
A necessidade de recorrer aos jovens das categorias de base, em função de problemas de caixa, não é novidade para o clube. Foi assim que surgiram os primeiros “Meninos da Vila”, na segunda metade da década de 1970.
Quem gosta de futebol, certamente, se lembra. A equipe tinha no ataque Nilton Batata, Juary e João Paulo, além de Pita no meio-campo. Embora nem todos tenham sido revelados no clube, havia forte identificação com a Vila Belmiro. Com esse time, o Santos voltou a ser campeão após a Era Pelé.
A segunda geração dos “Meninos da Vila” também surgiu em função de dificuldades financeiras. A garotada levou o clube a grandes conquistas no início dos anos 2000, mais especificamente em 2002 e 2004, com os títulos do Brasileirão. O time tinha Robinho, Diego, Renato, Elano, Léo, entre outros.
Para provar, definitivamente, que o clube tem vocação para revelar jovens craques, no período 2010-2012, o Santos voltou a encantar o mundo do futebol, principalmente com Neymar e Paulo Henrique Ganso, protagonistas de um time que foi tricampeão paulista (2010, 2011 e 2012), campeão da Copa do Brasil (2010), campeão da Libertadores (2011) e da Recopa Sul-Americana (2012).
A prova de que o “arsenal” de jovens craques não se esgota na Vila Belmiro é que, além de revelar Gabigol, hoje artilheiro do Flamengo, recentemente o clube negociou o atacante Rodrygo, de apenas 19 anos, por 45 milhões de euros para o Real Madrid, da Espanha.