Andrés Rueda, presidente do Santos - Foto: Reprodução/Redes Sociais

Um grupo de pouco mais de 10 torcedores conseguiu invadir o estádio Urbano Caldeira, a Vila Belmiro, no início da tarde desta quinta-feira (7), para tentar encontrar Andrés Rueda, o presidente do Santos Futebol Clube.

Na noite de quarta (6), após uma derrota vexatória para o Fortaleza, o clube foi rebaixado para a Série B do Brasileirão pela primeira vez em seus 111 anos de história gloriosa, tendo sido o berço do Rei Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos.

Os invasores conseguiram acesso ao estádio pelo portão 16 e a segurança do clube não pôde evitar o ingresso dos torcedores enfurecidos, que querem a qualquer custo pegar Rueda, que segundo eles seria o principal responsável pelo capítulo vergonhoso vivido ontem pelo Alvinegro mais famoso do planeta. De acordo com funcionários do Santos, o grupo teria ainda tentado entrar na sala que serve como central das câmeras de vigilância do local, ainda que sem êxito.

A Polícia Militar foi acionar e precisou intervir para retirar os torcedores de dentro da Vila Belmiro. Depois de ânimos acirrados, muita gritaria e empurra-empurra, os invasores finalmente foram retirados do estádio. Andrés Rueda não foi localizado, já que não estava na sede do clube. Ele habitualmente despacha do CT Rei Pelé, que fica a algumas centenas de metros de distância da chamada “Vila mais famosa do mundo”.

Quebra-quebra e caos na Baixada Santista

A derrota por 2 a 1 para o Fortaleza que causou o rebaixamento do Santos para a série B do Campeonato Brasileiro, justamente no Brasileirão Rei Pelé – homenagem ao maior jogador de todos os tempos, morto em 29 de dezembro de 2022 -, fez com que os torcedores do alvinegro praiano transformassem a Vila Belmiro em uma praça de guerra.

Logo que soou o apito final, os jogadores do Santos correram para os vestiários por medo da reação da torcida. Nas arquibancadas, parte dos torcedores chorava, enquanto outros iniciavam brigas e depredações que se alastraram pelos arredores do estádio. Cadeiras foram arrancadas e jogadas no gramado.

Revoltados, parte dos torcedores promoveram um quebra-quebra e incendiaram carros e ônibus, provocando caos e terror entre aqueles que tentavam retornar para suas casas. A polícia respondeu com cacetetes e bombas de gás lacrimogênio.

O carro do atacante Steven Mendoza, que estava estacionado nos arredores do estádio, foi queimado pelos torcedores.

Nas redes sociais, vídeos divulgados durante a madrugada mostram o tamanho do estrago, com carros incendiados e uma fumaça preta que se via a quilômetros da Vila Belmiro. Não foram divulgadas, até a manhã desta quinta-feira (7), se houve presos ou feridos – veja imagens ao final da reportagem.

Muitos problemas

Nas redes sociais, após a confirmação da queda para a série B, o perfil do Santos começou a apagar publicações nas redes sociais que ironizavam a queda de adversários para a segunda divisão.

Coordenador de futebol do clube, Alexandre Gallo foi o único a conceder entrevista, pediu desculpas ao torcedor e disse ter feito tudo o que estava ao alcance dele.

“Noite histórica péssima. A primeira coisa que temos de fazer é pedir desculpa, com bastante humildade, porque somos um clube desse tamanho, com essa camisa, esse peso, a gente sabe que é uma coisa que marca muito. Não esperávamos que isso fosse acontecer. Fizemos o possível e o impossível para que a gente pudesse pontuar mais”, disse.

Gallo afirmou, aindsa, que “a equipe tem muitos problemas técnicos”, admitindo a falta de qualidade do elenco.

“O Santos sempre pagou seus salários em dia, nunca teve problema, e não entendia como o Santos não conseguia ter uma equipe técnica de um nível melhor. Porque a camisa do Santos é um atrativo gigantesco. Eu acho que o Santos sempre seria atrativo para qualquer atleta, voltando da Europa, pagando salários em dia. Isso eu não entendi muito. Eu acho que é possível ter uma equipe melhor que tínhamos nesse momento vivendo essa realidade que vivemos. Infelizmente essa falta de qualidade nos trouxe a essa situação agora”, acrescentou.