Acostumado a ser chamado de “ladrão” durante os mais de 10 anos em que atuou como juiz de futebol, Evandro Rogério Roman (Patriota-PR) deixou os gramados para entrar para a política e agora é um dos mais ferrenhos defensores do “time” de Jair Bolsonaro (Sem partido) no Congresso Nacional.
Afastado dos campos de futebol desde 2009, que foi afastado do Campeonato Brasileiro após a não marcação de pelo menos três pênaltis para o Cruzeiro no jogo contra o Palmeiras no Mineirão, no dia 23 de setembro, – o jogo terminou em 2 x 1 para o time paulista -, Roman voltou a criar polêmica nesta quarta-feira (17).
Em sessão da Comissão de Educação da Câmara, Roman disse que os jogadores santistas entregaram o jogo em que a equipe da baixada perdeu por 7 a 1 para o Corinthians pelo Campeonato Brasileiro de 2005.
O hoje deputado bolsonarista foi o árbitro da partida e disse que os atletas do Santos perderam com o objertivo de derrubar o treinador do time, Nelsinho Baptista.
“Vou cometer uma inconfidência aqui. Fui árbitro durante 25 anos. Quero que busquem o jogo que foi realizado no dia 06/11/2005, um 7 a 1 que ocorreu em Corinthians x Santos. Neste jogo, dentro de campo, liderados por um dos jogadores do Santos, fizeram um conluio, não com todos, mas para derrubar o treinador, que era o Nelsinho Baptista. Eles iam perder um jogo no interior de São Paulo? Não. Eles tinham que perder o jogo para o maior rival, que era o Corinthians. E entregaram. Perderam de 7 a 1”, disse o ex-juiz.
A declaração foi feita em uma analogia feita pelo deputado sobre a debandada de diretores que ocorreu no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pela aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Declaração causa revolta em ex-jogadores do Santos
A declaração de Roman revoltou ex-jogadores do Santos que estavam na partida. O ex-atacante Luizão foi um dos mais revoltados e desafiou o deputado a revelar “quem é esse jogador que entregou, f… o Nelsinho?”.
“Vou falar o que para esse cara? Ele cita um jogador. Quem é esse jogador que entregou, f… o Nelsinho? Infelizmente, nosso dia era ruim. Deu tudo errado. Se ele é árbitro, político hoje, por que não parou o jogo? Podia parar, né, quando você vê que alguém está fazendo algo errado. Lamentável. É porque o nosso time não vivia um grande momento. Um cara desses, sei lá… Não dá nem vontade de falar, né? Eu nem sabia que ele existia mais”, disse o ex-jogador.
Luizão ainda comparou a derrota do Santos para o Corinthians ao 7 a 1 no jogo entre Brasil e Alemanha na Copa de 2014.
“Eu saí no intervalo, infelizmente. Estava três já. Saí porque o Nelsinho resolveu mudar, mas não teve nenhuma briga entre a gente. O cara tem de respeitar o ser humano, tem uma carreira tão bonita. Em 2005, fiz cinco no Corinthians lá dentro (pelo São Paulo). Infelizmente, naquele dia deu tudo errado. O Brasil vendeu o 7 a 1 para a Alemanha?”, emendou.
Comentarista da Globo, o ex-meia Ricardinho repudiou as palavras de Roman e chamou o deputado bolsonarista de mentiroso.
“Primeiramente, eu pensei em ignorar, porque é tão absurdo que nem merece resposta. Mas pelos jogadores que vestiram a camisa do Santos comigo, pela história que esses jogadores têm, eu não posso ficar quieto nessa situação, totalmente mentirosa. Não teve isso que ele falou e não pode ter dúvidas, ficar no ar sem resposta. As pessoas corretas não podem ouvir isso sem repudiar o que esse cara falou”, disse o ex-jogador.
Polêmicas no campo e secretário de Beto Richa
Depois de colecionar polêmicas desde que iniciou na arbitragem, Roman construiu uma trajetória de peleguismo à velha politicagem na Câmara e no governo do estado do Paraná, onde assumiu a recém criada Secretaria de Esporte no governo Beto Richa (PSDB) em 2010.
Na arbitragem, chegou a ser afastado pelo menos duas vezes após atuações polêmicas. Além do jogo entre Cruzeiro e Palmeiras, Roman foi afastado e 2009 devido à sua atuação no jogo São Paulo x Cruzeiro, pelo Campeonato Brasileiro. O motivo teria sido o excesso de faltas de diversos jogadores do time paulista em único jogador do Cruzeiro.
Na política, migrou do PSDB ao PSD e foi eleito deputado federal em 2014, fazendo parte da camarilha que negociou o golpe contra Dilma Rousseff (PT).
Em 2018 ficou na suplência e só assumiu a vaga na Câmara quando o deputado Ney Leprevost foi convidado por Ratinho Junior a assumir a Secretaria de Justiça, Trabalho e Cidadania do Governo do Paraná.