Créditos: Bruno Giufrida/Santos FC

Um dos principais nomes da época de ouro do Santos na década de 1960, quando conquistou o bicampeonato da Copa Libertadores da América e do Mundial Interclubes, o ex-jogador Lima falou com o jornal Folha Santista sobre o seu sentimento, após o inédito rebaixamento do Peixe para a Série B do Campeonato Brasileiro.

Triste e com o coração ferido pelo acontecimento, o “Curinga da Vila” foi até o estádio, ao lado de sua esposa, Vera Lúcia, e viu o Peixe perder por 2 a 1 para o Fortaleza. Junto à angústia, Lima se sente resignado em aceitar o descenso do seu time do coração e pelo qual atuou por 10 anos (entre 1961 e 1971).

“Estou muito triste, está doendo muito, jamais pensei que isso pudesse acontecer. O Santos é conhecido no mundo inteiro, de 56 a 69, ganhou tudo o que tinha para ser disputado. Parou uma guerra. Ganhou dois mundiais. Não merecia ser humilhado desta forma”, lamentou.

Como espectador, o mineiro de São Sebastião do Paraíso falou que foi à Vila Belmiro com a esperança de ver um grande jogo, mas se decepcionou com a falta de atitude dos atletas santistas e se surpreendeu com a postura da equipe cearense em campo.

“Pensei na possibilidade de o Santos até golear, mas isso não aconteceu, porque, no meu entender, faltou um pouco de iniciativa para o nosso time. Nós poderíamos ter ido para cima do time deles e mostrar que nós somos realmente melhores, taticamente e fisicamente”, refletiu o ex-atleta de 81 anos.

Ao longo do jogo, Lima contou que a torcida estava ansiosa, à espera de um placar favorável ao Peixe. No entanto, com as vitórias de Bahia e Vasco, somada à derrota santista, o rebaixamento se consumou e o clima de expectativa deu lugar ao de guerra e frustração.

“O que nós esperávamos que acontecesse, realmente não aconteceu. O resultado ruim e, depois do jogo, pior ainda. Houve umas cenas desagradáveis, principalmente uma equipe como o Santos, que está habituado a esse tipo de competição, com quebra-quebra. Um triste exemplo para aquelas pessoas que foram a campo a fim de ver uma grande partida”.

O curinga da Vila

Natural de São Sebastião do Paraíso, a 400 quilomêtros de Belo Horizonte, em Minas Gerais, Antônio Lima dos Santos nasceu no dia 18 de janeiro de 1942, em um domingo ensolarado, no estádio das Alterosas.

O Curinga da Vila permaneceu no Peixe durante dez anos, de 1961 até 1971. Nesse interím, ele atuou em 692 jogos, marcou 63 gols, e foi o 4º jogador do Alvinegro que mais vezes esteve em campo pelo time de Vila Belmiro. Assim, Lima só fica atrás de Pelé, Zito e Pepe. Com a camisa da Seleção Brasileira disputou 18 partidas e marcou seis gols.

Em sua carreira, Lima atuou em várias posições como lateral, meia e ponta-direita. Devido à experiência adquirida nesse período, ele considerou a parte mental uma das razões pelas quais culimaram com o rebaixamento. Por fim, ele elencou alguns motivos que ajudaram o Peixe a escrever o pior capítulo de sua centenária história.

“Olha, sinceramente, não sei se isso evitaria o rebaixamento, que foi o que acabou acontecendo, mas acho que faltou organização e planejamento. Acho que isso fez muita falta mesmo. E depois teve mais coisas, também. As contratações equivocadas, não só de técnicos, mas de jogadores. E o mais importante que eu acho do grupo, e te falo com toda a experiência que tenho e foi adquirida aqui, depois que vim para o Santos, de títulos que nós disputamos e ganhamos felizmente: a união do elenco. Isso daí é um fator tremendamente importante, não só no jogo aqui na nossa casa, como em jogos lá fora. Isso daí fez uma falta terrível. E realmente não aconteceu”, completou.