Autor de dois gols na decisão da Copa Paulista contra o São José, um em Ulrico Mursa no primeiro jogo, e outro no interior, na partida de volta, além de ser o artilheiro do torneio, com oito tentos, Franco de Paula se tornou um dos principais heróis da inédita e histórica conquista da Portuguesa Santista na competição.
Volante de origem, Franco jogou boa parte do torneio como meia armador e, às vezes, fazia a função de meia direita no time treinado por Sérgio Guedes. Natural de Uberlândia, em Minas Gerais, e com passagens por vários clubes das divisões de acesso do país, principalmente no interior paulista, o camisa 8 viveu um momento especial atuando pela Briosa, pois ele também nunca havia conquistado o título da Copa Paulista.
Com as lembranças dos gols e do título frescas na memória, o jogador concedeu entrevista exclusiva ao Folha Santista, em que conta sobre a trajetória da Briosa até o inédito título da Copa Paulista, sua função preferida dentro de campo e uma possível permanência no clube para a disputa da Série A-2 e da Copa do Brasil em 2024.
Folha Santista: A Portuguesa Santista passou por oscilações na fase de grupos e a vaga nas fases eliminatórias ficou ameaçada. Como vocês trabalharam a parte mental nos momentos de dificuldade?
Franco: A gente só teve um mês de preparação, praticamente, para a fase de grupos.Tinha que ganhar o time, entrosamento, crescer taticamente, a parte física, é muito pouco tempo para fazer isso, por mais que você tenha atletas com o cognitivo e que tenham trabalhado com o treinador. Além disso, nada melhor do que o tempo, os próprios jogos, para validar aquilo que você está pensando. A primeira fase, acho que a gente esteve na frente e, quando tivemos uma oscilação, sabíamos o que podíamos fazer, já que estava ganhando corpo. Penso que na hora que chegou o mata-mata, onde mudamos a escalação, houve contratação, fortaleceu para a reta final. Tudo isso, junto a um lastro maior de trabalho, fez com que a gente ficasse forte.
FS: O clube definiu que irá jogar a Copa do Brasil no ano que vem. E quanto ao seu futuro no clube também para a disputa da Série A-2, existem conversas?
Franco: Tem conversa, sim. Estamos em negociação, com o nosso gerente, o Cassiano (Carduz), com meu agente, que é o Rodrigo (Silveira). Nós estamos conversando desde quando acabou a primeira fase. Só que teve a reta final, o nosso time cresceu bastante e as coisas foram aumentando, em todos os sentidos. Tem possibilidade grande de permanecer, mas não tem nada definido.
FS: Ao longo de todo o campeonato, o professor Sérgio Guedes escalou você em várias funções, como segundo volante, meia armador e meia direita (foi assim na final). Qual a posição que você se sente mais confortável?
Franco: Eu joguei boa parte da minha carreira como segundo volante, já me destaquei jogando ali. Nessa função você acaba tendo um dever defensivo maior, recomposição, posicionamento, pegada na marcação e, às vezes, isso o impede de entregar mais ofensivamente do que você poderia. Como terceiro homem, seja pela direita ou pelo meio, eu fico mais solto pela questão defensiva e acaba potencializando a parte ofensiva. Fiz os gols de pênalti, mas, no decorrer do campeonato, tive inúmeras chances de fazer gols, sem ser de pênalti. Se tivesse feito, teria muito mais gols no campeonato. Por ter mais essa liberdade. É questão de adaptação. Costumo fazer as duas funções bem, é só questão de adaptar e ter sequência para poder fazer com excelência.
FS: Além da liderança em campo, você foi o artilheiro da competição, com oito gols. Em sua carreira, você nunca foi goleador por onde passou. Como você analisa sua fase atual na Briosa?
Franco: Na minha carreira, nunca fui o artilheiro, sempre contribui com gols em alguns clubes, não na ponta, porque sou meio-campo, segundo volante, meia, mas sempre fiz gols. Acredito que, nessa temporada, no começo, saíram alguns gols, você acaba gostando da artilharia, as coisas foram acontecendo. O Serjão (técnco Sérgio Guedes) insiste com minha parte ofensiva. Às vezes, o comando faz a diferença. Já trabalhei com treinadores que me jogavam como segundo volante, na questão da armação, não tão próximo ao gol. O Serjão gosta de parte ofensiva, minha mobilidade, dinâmica, incentiva isso. Acabou que fui fazendo gols, meus amigos falaram que ‘dá para pegar artilharia’. A gente foi acreditando e deu certo.
FS: Você trabalhou com Sérgio Guedes no Rio Claro. Agora, na Briosa, vocês se reencontraram. Como foi o convite para trabalhar com ele novamente e o projeto para o clube?
Franco: No Rio Claro, nós disputamos dois campeonatos: a Copa Paulista, em que chegamos nas semifinais, e a Série A-2, em que paramos na mesma fase. Dois campeonato seguidos em que batemos na trave. Muito perto de ser campeões. A gente tem chegado quando trabalha junto. Chegado nas retas finais. Acredito que, neste ano, estavámos mais preparados, na nossa visão, com as pessoas que formaram a comissão técnica e jogadores. Acho que isso fez a diferença para a gente conquistar. Mas, o Serjão, em si, como pessoa, carater, líder, é uma pessoa diferente no meio do futebol. Ele tem o lado humano, verdadeiro, sincero, profissional, ama estar ali, no dia a dia, ama o crescimento do ser humano. Por isso, ele sempre está próximo de conquistar ou conquistando e fazendo a diferença.
FS: Você foi um dos líderes do elenco na conquista da Copa Paulista. Precisou passar por várias adversidades, como por exemplo jogar com o gramado encharcado. Como você se sente com essa conquista inédita em sua carreira?
Franco: O sentimento de dever cumprido, de ter alcançado o objetivo, depois de já ter tentado outras vezes, estado perto. Passsamos, realmente, por algumas dificuldades com gramado, mas sempre nos adaptamos rápido ao jogo e sempre tivemos oportunidade de sair ganhando o jogo. Não só no gramado com chuva, mas outros jogos também, como no caso da final, com um jogador a menos. Sentimento é de muita algeria, de satisfação, realização, de ter feito a Portuguesa Santista cada vez mais conhecida; vai disputar um campeonato nacional agora (Copa do Brasil).