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E lá se foram sete anos. Parece que foi ontem que a Baixada Santista exibia orgulhosa um de seus filhos mais ilustres e vice e versa. Porque sim, verdade seja dita, Alexandre Magno, o Chorão, exibia a região, e sobretudo a cidade de Santos, com um orgulho raro.

Muitos dos clipes de sua banda, o Charlie Brown Jr., eram feitos por aqui mesmo. Qualquer santista bate o olho e reconhece as locações. Fora isso, Chorão adorava repetir que era daqui. Os dois últimos álbuns feitos pela banda, não à toa, se chamam “Música Popular Caiçara”, esse ao vivo, e “La Família 013”, o último deles, que faz referência ao prefixo DDD da região.

Mas mesmo que Chorão tivesse se divorciado completamente da Baixada Santista. Mesmo que por alguma dessas chateações da vida, estivesse contrariado com a terra que adotou, não conseguiria negar, com seu gestual, letras e sonoridade, de onde tinha vindo.

Quem no planeta é capaz de uma frase dessas: “Meu, tu não sabe o que aconteceu, os caras do Charlie Brown invadiram a cidade”? Qualquer morador da Baixada sabe quem. E essa talvez tenha sido uma das razões irremediáveis para o sucesso do Chorão e da sua banda. Tinham origem e prezavam por ela. Alexandre era o próprio garoto santista, marrento, alegre, cheio de energia, pronto pra briga, pro skate e pro rock and roll.

Fora isso, é claro, a banda tinha um talento que saltava da média mesmo. O primeiro disco explodiu feito uma bomba. “Transpiração Contínua Prolongada” traz um sem fim de sucessos. Canções ótimas, capazes de agradar tanto aos roqueiros mais radicais quanto aos românticos fãs de Zeca Baleiro e de sua MPB, com a linda e suave versão que fez para “Proibida pra mim (Grazon)”,

Chorão tinha a verve do compositor. Sabia encaixar as palavras, melodias e fazê-las gigantes com os arranjos de sua banda repleta de excelentes músicos. É impossível dizer quem era melhor nela.

Renato “Pelado”, um baterista perfeito, que fazia aquele som todo tronitoar como poucos. Ao seu lado, Champignon costurava o centro necessário em seu contrabaixo com uma performance elegante, pesada. Os dois guitarristas, Marcão e Thiago Castanho, combinavam de maneira rara frases melódicas, excelentes solos e peso, muito peso.

À frente da banda, Chorão liderava público e sonoridade.

Hoje, é inevitável imaginar do que seriam capazes dali em diante, a partir daquele 6 de março fatídico em que ele nos deixou. Um tanto de disciplina, aliada com a maturidade artística que já despontava, poderiam ter trazido para Chorão voos muitos mais altos do que todos os anteriores.

Mas a história não é feita de hipóteses. Ela é e pronto e quem a viveu que aproveite. Chorão, que nesta sexta-feira (6) completa sete anos que nos deixou, foi um dos grandes do nosso tempo e quem viveu sabe.

A história, com seus meandros e surpresas, está ai sempre para nos provar.