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A pandemia do coronavírus, além das inúmeras vítimas, provocou uma crise econômica sem precedentes para várias atividades econômicas. As salas de cinema de Santos, por exemplo, estão fechadas desde o início do isolamento social e agonizam diante da pior situação financeira já vivida pelo setor.

A Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex (Abraplex) chegou a anunciar que existe uma expectativa de fechamento definitivo de até 30% das salas de cinema do país, caso não sejam reabertas logo. Pelo menos aparentemente, Santos não corre esse risco.

O tradicional Cine Roxy, aberto em 1934, tenta sobreviver diante deste cenário. Neto do criador, Toninho Campos participa da administração do negócio desde 1990 e recorre ao “Plano São Paulo”.

Segundo o empresário, pelas diretrizes do programa de flexibilização, elaborado prelo governo do estado de São Paulo, os cinemas poderiam reabrir depois da quarta semana na fase amarela.

“Campinas, Jundiaí e Sorocaba abriram depois da quinta semana. Aqui, estamos na décima semana e nada”, revela, acrescentando que em Guarujá as salas de cinema já estão funcionando.

No total, o Roxy conta com 17 salas: cinco no Roxy 5, cinema de rua localizado na Avenida Ana Costa; quatro no Shopping Pátio Iporanga; seis no Shopping Brisamar, em São Vicente; e duas salas no Parque Anilinas, em Cubatão.

Campos afirma com convicção que esta é a pior crise financeira que o Roxy já viveu. Mesmo assim, ele destaca que, dos 100 colaboradores, nenhum foi demitido durante a pandemia.

Questionado se existe a possibilidade de fechamento definitivo de alguma de suas salas, responde: “Não quero crer”.

O empresário diz que tem mantido contato com os secretários de Cultura das cidades da Baixada. “Todos demonstraram disposição em liberar a abertura e trabalharam no protocolo de segurança”.

Apesar disso, diz que a prefeitura de Santos agiu com “indiferença” em relação ao setor, durante a pandemia.

Apesar da situação crítica, Campos não perde a esperança de dias melhores e projeta que “2.021 vai ser um ano sensacional para o cinema, com muitos lançamentos importantes. Portanto, vamos nos recuperar ainda no ano que vem”, completa.

O Cineflix tem quatro salas de exibição no Shopping Miramar, em Santos – Foto: Divulgação

Virada

Administradora de um complexo com quatro salas no Shopping Miramar, em Santos, a Cineflix aposta em uma virada no setor. “Nós, da Cineflix, aguardamos ansiosamente um novo decreto que permita a reabertura de nossa operação no Shopping Miramar”, espera Juliano Tortelli, diretor de Marketing da rede.

“Assumimos o empreendimento poucos meses antes do início da pandemia, não tivemos a oportunidade de mostrar todo o nosso potencial. Por isso, Santos, para nós, é uma praça muito especial”, ressalta, descartando a possibilidade de fechamento definitivo das salas na cidade.

Tortelli conta, após a reabertura, que “ofertaremos filmes que tiveram suas datas adiadas por conta do hiato. Já estamos com quase metade dos nossos cinemas em operação novamente, dentro de condições especiais que oferecem mais segurança a todos. Temos esperança que Santos esteja entre os próximos a reabrir”, finaliza.

Nada a declarar

O Folha Santista tentou ouvir um representante da rede Cinemark, que opera dez salas no Shopping Praiamar, em Santos. Via assessoria, a resposta foi que “a Cinemark não está dando entrevistas no momento”.

Após insistência, a assessoria informou que não há informações a respeito de um possível fechamento “de um cinema em especial ou uma cidade em especial”.

Trâmite dos protocolos

O Folha também procurou a prefeitura de Santos para obter um posicionamento oficial sobre quando as salas de cinema receberão autorização para reabrir, uma vez que bares e restaurantes já estão funcionando.

O Folha Santista recebeu a informação de que o protocolo para a abertura dos cinemas já saiu da Secretaria de Cultura e está na mesa do prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), só faltando sua liberação.

Em nota, a resposta foi: “A prefeitura de Santos promoveu reuniões com representantes das redes de cinema da cidade, a fim de formular uma proposta de protocolo para retomada das atividades nestes locais.

No momento, o protocolo está sendo validado pelas secretarias municipais, seguindo o mesmo trâmite dos protocolos em vigor em outros segmentos comerciais. Todas as análises visam sempre garantir a proteção à saúde de frequentadores e funcionários dos estabelecimentos.

Vale lembrar que os protocolos de retomada das atividades levam em consideração as características de cada ramo de atividade: tamanho do local, capacidade de público, número de profissionais envolvidos, entre outros fatores”.