Tanah Corrêa - Foto: Fernanda Maciel/Reprodução/TV Tribuna

O ator e diretor teatral Tanah Corrêa, nascido Athanazildo Corrêa Neto, em Bauru, em 1940, morreu na madrugada desta terça-feira (27), na Santa Casa de Santos, cidade que escolheu para viver.

Tanah foi uma grande e frondosa árvore de múltiplos galhos e frutos enormes. Só entre seus filhos André, Geórgia, Kenia, Natasha, Ludmila, Geovana, Janaína, Natália, Fernanda e Alexandre Borges, vários deles são atores.

Mas a família de Tanah foi sempre muito maior. Nas primeiras horas de sua morte, vários outros atores, autores, diretores, cenógrafos lamentavam a partida do mestre pelas redes sociais. Todos, sem exceção, insistiam em reafirmar o tanto que aprenderam com ele, o tanto que ele foi fundamental para as suas entradas no mundo dos espetáculos.

Tanah invadiu a passarela do samba de Santos e saiu de lá campeão, em 2011, homenageado pela X-9, a escola dos trabalhadores e estivadores do Porto de Santos, com o enredo “Xisnoviano, macuqueiro, arteiro, teatreiro, a X-9 Pioneira saúda Tanah Corrêa e a arte na cultura brasileira”.

Militante, sonhou e lutou toda sua vida por um mundo melhor e mais justo. No Brasil democrático, exerceu vários cargos que, não só enalteceram sua biografia, como colaboraram por mais espaços de atuação da arte da cultura de Santos e do Brasil.

Tanah foi assessor municipal de Cultura de Santos de 1984 a 1985; a seguir foi secretário municipal até 1988. Já de 2004 a 2005, foi presidente da Comissão de Restauração Cênica e Inauguração do Teatro Coliseu.

Foi membro da Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CINC), do Ministério da Cultura, secretário-geral da Confederação Nacional de Teatro Amador (Confenata) e diretor-presidente da Sociedade Brasileira de Autores (SBAT). Como se não bastasse, também foi fundador do Teatro Plínio Marcos e do Cine-Arte Lilian Lemertz, ambos em São Paulo.

O melhor mesmo de Tanah, no entanto, foram as centenas de espetáculos que colocou de pé, com uma paciência infinda que tinha feito missão para ensinar os vários ofícios que envolvem o teatro. Nunca parou. Feito menino, queria sempre saber a opinião de todos sobre seus trabalhos.

O último espetáculo que fez foi “Barrela”, primeiro texto de Plínio Marcos. Tanah fez questão de estrear no Centro Cultural Português de Santos, mesmo local em que a peça foi apresentada pela primeira vez, no final dos anos 50, no lendário Festival de Teatro Amador de Santos, o Festa. Emocionado e agradecido, estive lá para homenagear o autor, o diretor e também meu pai, Júlio Bittencourt, que 60 anos antes, fez parte do elenco.

Tanah nos deixou, aos 82 anos, após uma vida longa, incansável e intensa. Poderia ficar mais tempo. Com certeza nos daria vários outros espetáculos e ideias. O que nos deixou, no entanto, é imenso.

E cada jovem que ousar sonhar com o teatro e suas inúmeras possibilidades estará, mesmo que não saiba, iluminado pelo farol de Tanah Corrêa, em sua luz infinita apontada para o futuro.