Gustavo Beck - Foto: Reprodução

Por Julinho Bittencourt, da Revista Fórum

O Festival Internacional de Cinema de Roterdã (IFFR) respondeu em seu site, nesta segunda-feira (31), sobre o caso das denúncias de abuso sexual feitas por várias mulheres envolvendo o produtor de cinema brasileiro e curador de festivais internacionais Gustavo Beck.

A informação consta em reportagem do Intercept Brasil, que diz ter recebido relatos de 18 vítimas dividas em seis países.

O site lembra: “Gustavo Beck trabalhou para o IFFR como freelance e programador convidado entre 2016 e 2020. Em maio de 2020, quando as acusações de má conduta sexual foram trazidas diretamente à nossa atenção pela primeira vez, o IFFR tomou uma série de medidas resultando no rompimento de qualquer colaboração futura com Beck. Enquanto os detalhes dos eventos estavam sendo apurados, finalmente ficou claro que continuar nossa colaboração com Beck não apoiaria nossos valores centrais como uma organização cultural e uma plataforma de abertura, respeito e amor pelo cinema”.

O texto diz ainda que “a direção do IFFR foi confrontada em um problema profundamente enraizado em nosso setor. O IFFR assume a responsabilidade e vê o fato como uma oportunidade para refletir. Percebemos que, no pequeno mundo do cinema, evitar potenciais conflitos de interesses necessita de atenção e deliberação ainda mais próximas e contínuas. Entendemos que há muito a ser feito e estamos comprometidos em ser melhores”.

O festival fez uma lista de várias medidas que serão tomadas por conta das denúncias:

“Atualizamos nosso Código de Conduta com um enfoque mais nítido em relação à má conduta sexual em junho de 2018.

Fizemos uma parceria com a mores.online, uma plataforma de relatórios online anônima para a indústria criativa holandesa, em junho de 2018.

Nossa equipe participa de treinamentos em torno do preconceito inconsciente, o que contribui imediatamente para nossas práticas de contratação.

No início deste ano, e em preparação para a nossa edição de 2021 do festival, uma nova estrutura de programação foi implementada e, em 8 de julho de 2020, nossa equipe de programação completa foi anunciada. A nova estrutura permite um processo de seleção de filmes mais dinâmico e transparente.

Criamos uma política de práticas justas a ser anunciada no início de 2021. Ela abordará os equilíbrios de gênero e diversidade, transparência operacional e questões de conflito de interesse.

Iniciamos uma investigação interna para revisar e corrigir as circunstâncias que teriam permitido qualquer conflito de interesse e nos comprometemos a tomar as medidas adequadas com base em suas conclusões.

O IFFR está empenhado em abordar qualquer conduta imprópria imediatamente e monitorar de perto os procedimentos de seleção e nomeações de funcionários. O objetivo é permanecer como o porto seguro cinematográfico que desejamos ser para todos, profissionais e visitantes”.