O Sesc é um dos poucos centros culturais de grande porte em Santos - Foto: Divulgação/Sesc

Por Theo Cancello*

Como muitos de nós já sabem, esse ataque às políticas sociais, culturais, educacionais e afins é um absurdo completo. É um total exagero. Ainda que houvesse um pequeno corte, mas não… É um rolo compressor, que vai varrendo a cada espaço burocrático.

Acho que cada caso tem suas particularidades. Sim, algumas políticas de governo funcionam mal e precisam de mais fiscalização e novos planejamentos, direcionamentos. Sim, a corrupção e a falta de profissionalismo são problemas endêmicos e isso também atinge políticas de governo. Infelizmente esse não é um problema apenas dessas políticas, mas, sim, do país.

O argumento é que são políticas de cunho marxista, pertencente ao espectro da esquerda, e essa ideologia estaria, então, contaminando a população, atrasando o país rumo ao “progresso”. Logicamente, isso se transforma em votos.

Bem… Meu argumento, é que, em primeiro lugar, não é tanto assim. O Bolsonaro ganhou a eleição! O grande X da questão é a figura do Lula, que, em uma baita jogada cheia de contradições, foi preso. A população brasileira é muito mais conservadora e, provavelmente, assim vai continuar sendo. Mesmo assim, a luta continua.

Em segundo lugar, escolas, centros culturais, universidades, são todos lugares de debates. Conservadores, socialistas e liberais têm todo direito de dialogar, participar, sugerir mudanças, aglutinar. Isso deveria ser a democracia.

Em terceiro lugar, tais instituições são lugares onde há conhecimentos de extrema importância, muito além do temido marxismo. Aulas de matemática, português, física, música, capoeira, metodologia da pesquisa, salas de cinema, palcos para apresentações de bandas etc. E, com certeza, muita coisa funciona!!

O Sesc, por exemplo, é um dos poucos centros culturais de grande porte que temos e funciona! A Escola Municipal de Música de São Paulo está em risco de grande corte, e é um espaço formidável.

São alentos em tempos de tanta desilusão e falta de sentido. Isso tudo é um exagero, uma maldade, um chute no saco nos campos da educação, da cultura, de toda área social, humanística.

*Theo Cancello é músico, professor, mestre em Educação e foi conselheiro de música e secretário do Conselho de Cultura de Santos