O cineasta Dino Menezes e o arquiteto Rafael Ambrosio se uniram para a realização do documentário “Cidade do Mar”. A parceria foi motivada por um questionamento: Qual a importância da preservação do patrimônio histórico da cidade de Santos?
O projeto foi idealizado em um encontro dos dois amigos que, entre muitas referências comuns, têm o interesse pela história e arquitetura da cidade litorânea.
“Sempre fui bastante curioso em relação à origem de Santos, principalmente no que podemos conhecer dela ao olhar para os prédios e monumentos mais antigos”, conta Menezes.
“Assim, em contato com o Rafael, surgiu a ideia de registar, em imagens e depoimentos, um retrato sobre o patrimônio cultural de Santos”, acrescenta o cineasta.
A partir dessa conversa, teve início o projeto “Cidade do Mar”, que foi contemplado em dois editais do setor cultural em 2020: o 8º Facult, concurso de apoio a projetos culturais independentes no município de Santos, e o ProAC Expresso Lei Aldir Blanc nº 56, do governo do estado.
O documentário tem 24 minutos de duração e aborda o processo de urbanização de Santos, a partir da relação de seu território com o mar. Além disso, traz reflexões sobre as noções de patrimônio, a importância da preservação, inclusive das identidades, e as perspectivas para o futuro.
A produção abrange desde a origem da cidade, ainda como vila, até os dias atuais. Apresenta fotografias, pinturas históricas e imagens captadas por drones, além de entrevistas com especialistas.
“Busquei trazer o olhar da arquitetura para o cinema, juntando a tecnologia de imagem mais antiga, representada por uma pintura de Benedito Calixto, com a mais moderna, ou seja, as imagens captadas por drone”, explica Menezes.
Locações históricas
As locações escolhidas para as gravações foram a Cadeia Velha de Santos, a Casa da Frontaria Azulejada e o Teatro Guarany, que estão entre as construções históricas mais significativas da cidade.
“Partimos da reflexão de que, às vezes, as pessoas não apreciam e batalham pela preservação do nosso patrimônio histórico e arquitetônico, simplesmente, porque não conhecem o seu valor”, explica o arquiteto Rafael Ambrosio.
“Assim, a produção tem como objetivo proporcionar mais conhecimento, para os santistas e os brasileiros, sobre a questão da preservação do patrimônio, que ultrapassa a manutenção da memória edificada. Queremos debater sobre como aliar desenvolvimento econômico e social à manutenção das referências das várias identidades. Isso, na minha visão, é o desafio a ser vencido”, acrescenta.
Segundo o arquiteto, o Centro Histórico de Santos é um museu a céu aberto, com edifícios que remontam a séculos de história, não só da cidade, mas do Brasil. Porém, mesmo assim, sofre constante pressão para demolições.
“Nesse intuito, especuladores recorrem à falsa afirmação de que as leis de proteção do patrimônio atrapalham o desenvolvimento, quando, na verdade, é sua destruição que põe em risco o nosso futuro. Querem acabar com o que temos de mais rico”, alerta Ambrosio.
Uma das construções representativas da cidade que já não existe mais, o Parque Balneário, é um dos destaques do filme. Demolido em 1973, o antigo Parque Balneário Hotel foi símbolo de glamour da época áurea do café, no começo do Século XX.
Para poder apresentar na produção o seu luxuoso edifício, o diretor Dino Menezes recorreu à pesquisa fotográfica. “Considero uma perda enorme a destruição desse marco arquitetônico da cidade”, lamenta.
Influências lusitanas
Além de Ambrosio, o documentário tem como entrevistados os historiadores Adriana Negreiros e Reinaldo Martins, a arquiteta Jaqueline Fernández, a educadora Joice Mendes e o cientista político Rafael Moreira.
O filme conta, ainda, com trilha sonora original, que foi encomendada a Nilson Dourado, músico brasileiro que atua em Portugal.
“Como temos muitos marcos da origem portuguesa na nossa arquitetura, ele produziu uma trilha com influências lusitanas”, acrescenta Menezes.
Informações sobre o lançamento
“Cidade do Mar” será lançado nesta sexta-feira (26), às 20 horas, em evento no Museu da Imagem e do Som de Santos (MISS), com entrada gratuita. O MISS fica à Avenida Senador Pinheiro Machado, 48. Depois, o filme estará disponível no YouTube.
O documentário tem duração de 24 minutos. Roteiro e Direção: Dino Menezes. Argumento: Dino Menezes e Rafael Ambrosio. Produção Executiva: Vanessa Rodrigues Aguiar e Leandro Taveira. Direção de Fotografia: Dino Menezes e Michel Custódio. Trilha Original: Nilson Dourado. Produção: Dino Filmes e atelier ABOUT.