Tahan está há mais de 20 anos no comando da Realejo, se dividindo entre indicações de títulos e cafés nas mesas que ocupam sua calçada em um dos mais tradicionais bairros santistas, o Gonzaga. Além disso, algumas das histórias contadas no livro tem como cenário outros redutos literários da capital.
Entre conversas, cafés e intensas troca de ideias, os personagens de seus textos se alternam como interlocutores em passagens marcantes, curiosas e, algumas vezes, reflexivas.
“Quando comecei a escrever pequenos artigos, sempre olhando a vida e os leitores da visão do meu balcão de uma livraria de rua, nunca teria imaginado que iriam virar uma coletânea para um livro meu. Fui usando a escrita para contar histórias, para me divertir e para expor muitas vezes a fragilidade de quem vive num comércio como uma livraria. O livro é fruto dessas vivências”, relatou o autor.
As histórias ganharam volume e conteúdo à medida em que Tahan criou o hábito de se dedicar à escrita quase em tempo real, após as jornadas diárias de trabalho. Já a escolha do formato para reunir os casos se deu de forma natural: “Só poderia ser neste lugar perene, mágico: o livro. O suporte mais nobre e também o motivo dessas pequenas histórias”, afirmou.
Tahan, além de comandar a Realejo, também criou, entre 2009 e 2010, a Realejo Editora e o Festival Internacional de Literatura Tarrafa Literária, que permanecem até hoje, em Santos.
O livro é dividido em blocos
A obra tem 408 páginas e é dividida em blocos, que incluem bastidores do seu convívio com escritores e escritoras, situações inusitadas com clientes anônimos e artigos que abordam seu trabalho e o papel das livrarias de rua.
Com uma escrita que transita entre observação, autocrítica e humor, Tahan busca refletir sobre “como ser um livreiro num país tropical, quente, desigual e cheio de incoerências e dificuldades como é o nosso”.