Reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um dos municípios brasileiros com melhor qualidade de vida, Santos também é a cidade de maior relevância econômica da Baixada Santista, com características muito marcantes para atendimento e atração de turistas.
A região conta com recursos naturais extremamente abundantes, tanto do ponto de vista das praias quanto de Mata Atlântica. Tem oferta cultural da melhor qualidade, como o centro histórico, museus e fortes, só para citar alguns. E a hospitalidade também é marca registrada, além de boa gastronomia, disponibilidade na rede hoteleira de pelo menos sete mil leitos, comércio e serviços.
Desnecessário nominar aqui as dezenas de atrativos, restaurantes, hotéis, monumentos, parques e praias existentes nas nove cidades que compõem a nossa região. O desafio maior é focarmos na lista de tarefas pendentes para que uma atividade já consagrada na região – pois o Turismo é um fato no cotidiano de dezenas de milhares de pessoas – se consolide como polo de atração turística e de geração de renda e empregos. Assim, Santos pode liderar o fortalecimento da economia regional, ampliando a relevância da Baixada Santista no cenário nacional como promotora do desenvolvimento do país.
Na prática, o que precisamos é atuar para dobrar ou triplicar o peso da atividade turística na região e enfrentar os desafios que se apresentam.
O primeiro é a infraestrutura, começando por sinalização e facilidades de acesso aos atrativos. Estamos a 70 quilômetros de São Paulo, temos estradas e vários acessos à região, mas ainda carecemos de um bom sistema de sinalização dentro da cidade para que as pessoas possam chegar aos lugares desejados e, principalmente, parar nos locais turísticos para desfrutar, passar o dia, tirar fotos e se alimentar, entre outras atividades.
Um dos exemplos é o Engenho dos Erasmos. Um marco histórico belíssimo, tem mais de quatro séculos, representa o início da colonização e da produção de açúcar no Brasil, mas o acesso e a permanência estão muito longe, hoje, de algo simples e óbvio, como devem ser atrativos assim.
O segundo desafio que temos é o da promoção. É imprescindível que o Santos Convention & Visitors Bureau e o seu correspondente em outras cidades da região se articulem para que, de fato, o setor privado assuma a sua responsabilidade econômica e passemos a ter um “room tax” relevante e suficiente para sustentar ações de promoção permanentes, sempre pautadas nas necessidades de mercado. Esse é o modelo já existente na cidade que é símbolo das melhores políticas de promoção no Brasil, São Paulo, por meio do São Paulo Convention & Visitors Bureau.
O terceiro desafio é a conectividade aérea. É fundamental, de uma vez por todas, que a prefeitura de Guarujá conclua o processo de construção do seu aeroporto. Reitero que este assunto não é exclusividade apenas de Guarujá. A pior coisa que podemos fazer é deixar a prefeitura local sozinha nesse tema tão importante para toda a região. As prefeituras das demais cidades, todo o setor turístico (hotelaria, gastronomia, comércio, transportes, setores de carga e logística e o portuário) têm que abraçar essa causa, assumir sua responsabilidade e avançar nesse projeto.
Esse aeroporto é o equipamento mais importante de conectividade, mobilidade e integração que a região terá desde que a segunda pista da Rodovia dos Imigrantes ficou pronta, em 2002. Por fim, creio que a entrega do Centro de Convenções na Ponta da Praia, em Santos, é motivo mais do que suficiente para estimular uma política mais arrojada de captação de eventos para a cidade. Uma consistente agenda de congressos, convenções, seminários e feiras é capaz de ocupar de 40 a 45 semanas no ano, com impactos em toda a cadeia produtiva do turismo.
Colocar de pé o Centro de Convenções vai estimular a gastronomia, a hotelaria, o comércio e os demais serviços, como transporte e alimentação. Essa estratégia, aliada ao aeroporto, é capaz de construir um outro patamar do ponto de vista da geração de renda e, destacadamente, de empregos na nossa região de forma perene e sustentada, exclusivamente, na capacidade da própria cidade, blindando-a das oscilações econômicas no plano nacional.
Um bom exemplo nesse sentido foi o que ocorreu em Barcelona, nos anos 2000. Enquanto a Espanha era assolada pela crise, com taxas de desemprego superiores a 25% entre os mais jovens, Barcelona se mantinha quase como um oásis diante desse cenário. Santos e a Baixada Santista reúnem todas as condições para fazer o mesmo no Brasil!