Nunca vi tanta benfazeja solidariedade. Mas ela precisa ir além da provocada pelo medo do contágio. Somando (em milhões) desempregados (11), desalentados (5), informais (38), temos 54. Outros milhões estão como “formais” (terceirizados, intermitentes, temporários, PJ) que, com tudo parado, vão ter seus contratos encerrados.
Certamente, passaremos de 60 milhões sem fonte de renda nenhuma. E, sabemos, também não têm nenhuma poupança a que recorrer, nem vizinhos ou parentes para ajudá-los.
A proposta de Paulo Guedes é ínfima: R$ 5 bi/mês a R$ 200,00/pessoa, “socorrerá” 25 milhões, 42% dos necessitados (aspas, porque R$ 200,00 é valor insuficiente). Está na hora de ampliar a solidariedade: os abastados precisam se despojar de parte de sua riqueza, redução que não afetará absolutamente nada sua qualidade de vida. Por exemplo, não demitindo, aceitando até, se for o caso, prejuízo temporário em suas empresas.
Só o Estado tem condições de implementar imediatamente políticas públicas coordenadas. Deve, assim, decretar moratória de sua dívida pública interna; e/ou apelar para empréstimo compulsório sobre quem realmente possa suportá-lo.
Se os poderosos não aceitarem soluções desse tipo, por solidariedade sincera (pleonasmo?), que aceitem por medo, pois a violência social estará dada. E justificada, pois a dívida social é brutal, crescente e secular.