Créditos: Arquivo pessoal

Um homem pichou a entrada da Sinagoga Bet Jacob, na Vila Matias, em Santos, na madrugada desta quarta-feira (3). O ato de vandalismo foi registrado por câmeras de segurança. Na imagem, é possível ver um homem com camiseta e boné pretos e uma bermuda florida. Na parede, ele escreve as palavras “Palestina livre” e, na porta, “paz”.

O conflito entre Israel e Hamas se acirrou a partir do dia 7 de outubro, quando o grupo terrorista invadiu o Sul do país, matando 1,2 mil pessoas e fazendo 240 reféns. Como resposta, Israel fez uma ofensiva na Palestina para atacar o Hamas e resgatar os reféns. Porém, o conflito continua e já soma aproximadamente 20 mil mortos na Faixa de Gaza, onde ficam localizadas as maiores cidades palestinas. As vítimas feitas por Israel são, principalmente, crianças e mulheres.

Para o presidente-executivo da Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp), Ricardo Berkiensztat, o caso registrado em Santos é visto com preocupação. “Nos preocupa essa importação do conflito, ainda mais em Santos, que é uma cidade que nunca teve histórico, pelo contrário, as comunidades vivem muito bem em Santos e no estado de São Paulo como um todo”.

Berkiensztat também fala do aumento dos casos de anti-semitismo em todo o mundo, mas reforça que violência não é a solução, principalmente em um país pacífico e miscigenado como o Brasil. “Somos contra qualquer tipo de anti, seja anti-semitismo, seja racismo, seja anti-LGBT (QIAPN+), enfim, pela primeira vez aqui no Brasil nós estamos nos sentido alvo disso, e isso nos deixa um pouco aflitos”, conta.

A Prefeitura de Santos informou, por meio da Secretaria de Segurança, que “a Guarda Civil Municipal vai intensificar as rondas no local da ocorrência. As imagens serão encaminhadas para a Polícia Militar para contribuir na investigação do caso”.

A sinagoga emitiu um comunicado, em suas redes sociais, contra o ato criminoso. Veja-o na íntegra.

“A sinagoga Bet Jacob, em Santos, no litoral paulista, foi alvo de um ataque antissemita hoje (3). Foram pichados nos muros do templo religioso expressões relacionadas ao conflito israelo-palestino. Tal ato pode ser considerado um caso de ódio aos judeus, de acordo com a definição de antissemitismo da Aliança Internacional em Memória do Holocausto (IHRA).

Injustamente, as inscrições atribuírem aos judeus brasileiros, enquanto coletividade, certo grau de responsabilidade pelas ações do Estado de Israel – o que, além de não ser verdadeiro, remete ao antigo estereótipo antissemita de que os judeus são mais leais a Israel e a causas judaicas internacionais do que aos países dos quais são cidadãos. Acusações desse tipo eram comuns na Alemanha nazista durante o Holocausto.

Além disso, uma sinagoga é um local de culto, e não deveria ser vandalizada por motivos políticos — até porque os fiéis que a frequentam são brasileiros com diversidade de opinião sobre vários assuntos, o que pode incluir a guerra em andamento entre Israel e o grupo terrorista Hamas.

O episódio ocorrido Santos é extremamente preocupante. Desde os atentados terroristas do Hamas em Israel, no 07/10, os casos de antissemitismo têm crescido em todo mundo. Apenas no Brasil o aumento foi de cerca de 1.000% segundo a CONIB. O Estado de Israel chegou a emitir um alerta de viagem para os cidadãos israelenses que desejam vir ao país saibam que o ambiente pode ser hostil à presença deles.

Frente a este ato é importante dizer que a comunidade judaica em São Paulo não irá se calar. Providências já foram tomadas junto às forças publicas, inclusive compartilhando fotos do autor desta ação inadmissível”.

Com informações de A Tribuna