Acusado pela Polícia Cívil de estupro contra pacientes mulheres e por armazenar e consumir pornografia infantil, o neurocirurgião João Luís Cabral Júnior, de 52 anos, teve o registro profissional suspenso, no último dia 2, por decisão judicial, de acordo com o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). Assim, ele não pode exercer a sua função.
Procurado pela site de A Tribuna, o Cremesp comentou que também apura o caso, mas que a investigação é sigilosa. Além disso, acrescentou que, se prestasse mais informações, o processo poderia ser anulado.
Quem também se posicionou no caso foi o Hospital Associação Policial de Assistência à saúde da Baixada Santista (Apas). O órgão esclareceu que o médico fez parte do quadro de profissionais credenciados, ao realizar atendimento ambulatorial e cirúrgicas.
No entanto, antes do caso ser revelado pela imprensa, o próprio médico pediu ao Apas o seu desligamento do corpo clínico do hospital. Assim, ele não faz mais parte do quadro de médicos credenciados.
“O aludido médico ocupava o cargo eletivo de Diretor Clínico do Hospital APAS Santo Expedito, cargo não remunerado, previsto na Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 1.481, de 08 de agosto de 1997, sendo regularmente substituído após ter seu cadastro no CRM inativado por determinação judicial”, ressaltou em nota.
A Apas se resguardou pelo fato do caso não ter indícios ou informações que incrimem o médico que trabalhava na instituição. Os fatos correm sobre segredo de justiça em Taboão da Serra, na região metropolitana de São Paulo. ”A APAS – Baixada Santista está à disposição para prestar todos os esclarecimentos e informações necessárias às autoridades policiais para a plena investigação do caso”, complementou a instituição na nota.
O Hospital São Lucas, onde Cabral Júnior também atuava, foi procurado, mas não se manifestou para o site de A Tribuna.
Relembre o caso
Armazenar e consumir pornografia infantil, além de estuprar pacientes desacordadas. Estas são as gravíssimas acusações que pesam sobre o renomado médico de Santos, João Luís Cabral Júnior. O suspeito chegou a ser preso durante as investigações, mas foi solto em audiência de custódia e responde ao processo em liberdade. O caso corre em segredo de justiça. Ele nega as acusações.
A Polícia Civil se dirigiu à residência do neurocirurgião para um cumprir mandado de busca e apreensão num inquérito que apurava a suspeita de armazenamento de material contendo pornografia infantil.
Os policiais apreenderam aparelhos eletrônicos, como notebooks, computador, HD externo e o aparelho celular do acusado. Ao ser indagado pelos agentes sobre o conteúdo dos crimes investigados, ele negou todas as práticas criminosas e afirmou ser um renomado médico da sua área na Baixada Santista, com um escritório próprio e coordenador clínico de um hospital em Santos.
Contudo, de acordo com a polícia, os aparelhos eletrônicos guardavam um grande número de crianças e adolescentes expostas sexualmente. Além disso, a equipe ficou estarrecida ao encontrar vídeos, que, suspostamente, foram gravados pelo próprio neurocirurgião, ao envolver pacientes. Em um dos registros, de acordo com o boletim de ocorrência (BO), o médico teria filmado por baixo da mesa uma paciente que usava uma saia durante uma consulta médica.
Em outra gravação, Cabral teria fotografado as partes íntimas de uma paciente, visivelmente sedada, de acordo com a polícia, e deitada em maca para procedimento cirúrgico. Foram encontradas, ainda, fotos de uma jovem deitada com camisola e calcinha, ao dormir na maca de um hospital.
Ao longo da análise feita com outros arquivos armazenados nos aparelhos eletrônicos, a polícia ressalta que foi encontrado um vídeo em que o médico teria gravado uma paciente, supostamente sedada e deitada, enquanto ele retirava a coberta dela, afastava a roupa de baixo da vítima e introduzia os dedos em suas partes íntimas.
Caso os crimes sejam comprovados, ele poderá responder pela prática do crime previsto no artigo 241-B do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): possuir ou armazenar, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de registro que contenha cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente; e pelo crime de estupro de vulnerável.
O suspeito foi preso pela Polícia Civil no dia 26 de setembro, em Santos, e conduzido à Delegacia Seccional de Taboão da Serra. Ele foi solto em audiência de custódia e responde o processo em liberdade.