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Por Adriana Capozzi*, Susete Coutinho** e Vanessa Gastaldo***

A Rede Solidária de Peruíbe surgiu da necessidade de pensar possibilidades de comercialização da produção local, a partir do isolamento social, necessário para conter a pandemia.

Todo o processo é feito online, com uma relação de produtores, alimentos, artesãos e prestadores de serviço, compartilhada através de grupos no Facebook e Whatsapp.

Somos produtores e fazemos parte da Economia Solidária na cidade, que vem se desenvolvendo desde 1986, com a criação da Piscigranja Comunitária do Guanhanhã, da Cooperativa Agrícola dos Produtores do Litoral Sul (Coopalis) e da União das Mulheres Produtoras da Economia Solidária (Umpes), que se apoiam mutuamente para suprir necessidades das famílias e comunidade. 

Desde o início de 2019, as iniciativas aumentaram, pois aconteceu a primeira formação local em economia solidária, promovida pelo Fórum de Economia Solidária da Baixada Santista e prefeitura municipal. Com o encerramento do curso, foi elaborado e posteriormente aprovado o texto da Lei de Fomento da Economia Solidária (Lei 3748/2019), sendo que hoje está em tramitação o projeto de lei que trata da criação do conselho.

Desde essa formação, diversos coletivos foram sendo formados. Hoje, são perto de uma dezena na cidade, muitas vezes criados por afinidade, de mulheres produtoras, veganos, produtores rurais e outros. Temos a feira de produtores rurais, que também decorreu da organização no período, a partir de um curso do Senar.

Mas se já existia a necessidade de maior espaço de divulgação na cidade, com enorme variedade de produção rural, de alimentos, artesãos e prestadores de serviço, no início de março todas as mostras de economia solidária foram suspensas, com o isolamento necessário para conter a pandemia, e também a feira do produtor deixou de acontecer, porque a maioria dos produtores está no grupo de risco.

Então, vimos a necessidade de buscar outras alternativas para manter as atividades, com o sustento das famílias produtoras e também para manter o abastecimento de produtos na cidade, surgindo, então, a Rede de Economia Solidária.

Iniciamos com uma provocação nas redes sociais, buscando produtores e prestadores de serviço na cidade. Elaboramos uma primeira lista com os interessados, atualizada todo dia 20, na qual constam os produtores cadastrados, os produtos e/ou serviços que prestam e respectivos contatos.

Buscamos pensar em novas relações, baseadas na economia solidária, não limitadas, apenas, à compra e venda de produtos. Valorizamos as trocas, vista como um exercício necessário para criar relações mais justas. Pensamos que devemos buscar estabelecer relações de confiança entre quem produz e o consumidor final, onde quem consome conhece não apenas quem produz, mas como o faz. E nessas interações vamos trocando conhecimento e criando outras possibilidades.

O consumidor entende, por exemplo, que a banana que não recebe aditivo químico não consegue chegar inteira ao ser transportada madura, pois se quebra no transporte. Portanto, precisa adquirir o alimento com antecedência, para que termine o processo de amadurecer em sua residência.

Apresentamos, novamente, a época de cada alimento e que, ao final da safra, se quiser ainda tê-lo disponível, deve pensar em outras formas de armazenamento, como congelamento, geleias e conservas.

Com o tempo é possível entender todo o sistema que se faz necessário para que o produto chegue à nossa mesa; adquirindo do produtor local, podemos ter um produto mais saudável e, ao mesmo tempo, contribuir para o meio ambiente, evitando transporte de produtos não orgânicos e vindos de longe. Novas ideias vão surgindo, como de nos organizar para buscar alimentos de outras famílias, que produzem o que não temos por aqui.

Também cuidamos de buscar manter a segurança nas atividades, no manuseio dos produtos, utilizando os equipamentos de segurança necessários, sendo que as entregas são feitas pelo próprio produtor ou produtor parceiro, ou, ainda, por prestadores de serviços de entrega, que se apresentam na rede.

O resultado tem sido bom. A rede vem crescendo e as encomendas também. Os produtores rurais estão mantendo ou até aumentando sua produção, com mais diversidade, percebendo que há uma demanda por produtos locais e orgânicos que ainda não está satisfeita.

São muitas possibilidades. A ideia é alimentar essa rede para que cresça e se mantenha após essa época de necessidades mais urgentes.

Para quem quiser participar, em princípio todo produtor pode anunciar na rede, no grupo do Facebook. Todo o processo é feito online, e temos uma relação de produtores, alimentos, artesãos e prestadores de serviço que é atualizada todo dia 20 de cada mês, se tem interesse em fazer parte da Rede, entre em contato.

Se tem interesse em criar uma rede igual em sua cidade, entre em contato também que conversamos sobre as necessidades e dificuldades do processo.

Estamos à disposição pelo Instagram: www.instagram.com/redesolidariaperuibe, ou pelos telefones: Adriana Capozzi – (13) 99616-2232; Susete Coutinho – (15) 99704-3848; Vanessa Gastaldo – (11) 99606-1190.

*Adriana Capozzi mora em Peruíbe. Tem origem na área da saúde e hoje é cozinheira vegetariana e organizadora de eventos junto com sua família.

**Susete Coutinho é funcionária pública. Há sete anos mora com a família na área rural, buscando autossuficiência, livre aprendizagem, resgate de conhecimentos tradicionais e da vida em comunidade.

***Vanessa Gastaldo é contadora, cabeleireira e artesã, além de cidadã peruibense há três anos. Acredita na união de forças.