Foto: Arquivo pessoal

Um idoso de 65 anos, morador de São Vicente, faleceu sem receber o tratamento adequado para uma doença autoimune rara e grave, conhecida como pênfigo. Givanildo Alves Guerra, vítima da enfermidade, teve início dos sintomas há três meses, manifestando bolhas pelo corpo e nas mucosas.

A família do idoso relatou ao G1 que enfrentou dificuldades em obter atendimento médico e realizar exames necessários para diagnosticar e tratar a condição de Givanildo. O filho, Márcio Guerra, de 33 anos, criticou a falta de agenda de profissionais de saúde e a alegada indisponibilidade para exames, levando a família a considerar acionar a prefeitura na Justiça.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o pênfigo pode manifestar-se nas mucosas, incluindo boca, garganta, olhos, nariz e região genital. A família de Givanildo relatou que ele não conseguia se alimentar, chegou a vomitar sangue e solicitou um exame de endoscopia.

Márcio Guerra afirmou que, ao procurar atendimento na unidade de saúde, foi informado de que o exame não poderia ser realizado nos fins de semana ou feriados. A prefeitura, em nota, respondeu que as endoscopias são realizadas diariamente, mas as condições do paciente não permitiam a realização imediata do procedimento.

Após várias solicitações, a endoscopia foi finalmente marcada para a última terça-feira (23), mas Givanildo faleceu um dia antes devido a uma parada cardíaca. Márcio Guerra lamentou a situação, destacando que seu pai morreu pedindo água, privado do líquido por mais de três dias devido à espera pelo exame.

Batalha pela vida

A batalha pela busca de atendimento começou em outubro, quando Givanildo procurou uma unidade de saúde para agendar uma consulta dermatológica, sendo informado de uma espera de 90 dias. Diante do agravamento dos sintomas, a família recorreu a um médico particular, investindo R$ 2 mil em consultas e exames para obter o diagnóstico do pênfigo.

O idoso foi internado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Rio Branco em 10 de janeiro, recebendo alta nove dias depois, segundo a prefeitura, por apresentar melhora no quadro. No entanto, Márcio criticou os profissionais de saúde por não investigarem os órgãos internos do paciente, limitando-se a analisar apenas as bolhas pelo corpo. 

Após nova internação devido à hemorragia digestiva alta, Givanildo foi transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital do Vicentino, onde os médicos solicitaram uma endoscopia. O procedimento, marcado para terça-feira (23), não pôde ser realizado a tempo, e o paciente faleceu na segunda-feira (22).

A prefeitura, em resposta, afirmou que o paciente se mantinha estável, havia respondido bem aos medicamentos e à transfusão de sangue, razão pela qual o procedimento foi adiado. A causa da morte não foi imediatamente esclarecida, e um exame necroscópico será realizado para determinar o resultado.

A família de Givanildo Alves Guerra reitera a intenção de acionar a prefeitura na Justiça, buscando responsabilização pelas supostas falhas no atendimento médico que contribuíram para a tragédia. O caso destaca as deficiências no sistema de saúde e levanta questões sobre a acessibilidade e prontidão do serviço público diante de condições graves como o pênfigo.