Oito pessoas são enterradas por dia, em média, no Cemitério da Areia Branca, em Santos, em consequência da Covid-19. A informação foi postada no Facebook pelo fotógrafo Ailton Martins. Ele repassou o dado obtido em conversa com um funcionário do cemitério.
“Eu cobria uma atividade das Mães de Maio, em frente ao cemitério, na semana passada. A coordenadora do movimento conhece um dos servidores e estávamos conversando a respeito. Presenciamos a chegada de um morto apenas, pois não ficamos muito tempo. O servidor nos informou”, relata Ailton.
Em sua publicação, o fotógrafo omitiu o nome do funcionário, porque os servidores, segundo ele, estão proibidos de conceder entrevistas.
Veja a postagem de Ailton:
“Em torno de 40 pessoas enterradas por semana no Cemitério Areia Branca, em Santos.
De acordo com um funcionário público do cemitério Areia Branca, chegam por dia para serem enterradas, em média de oito pessoas vítimas de Covid-19. A recepção dos corpos é realizada seguindo um protocolo de segurança que determina obrigatoriamente a quantidade de familiares (que poderão acompanhar o funeral), máscaras e distanciamento.
Já a equipe de servidores que recepciona e encaminha o enterro segue um protocolo mais rígido, utilizando EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) que consistem em botas, luvas, máscaras, capacetes e um macacão plástico de cor amarela, típico uniforme visto em filmes de ficção – além de álcool em gel.
Como os enterros estão acontecendo normalmente, seguindo também protocolos de segurança, a recepção é avisada com antecedência (como de praxe) quando um enterro está a caminho. Em seguida é anotado num quadro de comunicado diário na recepção o nome da pessoa, e se for vítima de Covid- 19, a anotação é feita em vermelho para alertar os servidores funerários dos procedimentos a serem tomados.
“Olha, aqui todo dia chega gente que morreu do Covid, teve um dia que chegou uns vinte, mas, geralmente, é uns sete, oito, às vezes uns quinze até, não dá pra saber, mas dá pra contar. Se você ficar aqui o dia todo, vai ver, num é mentira minha, todo mundo aqui sabe, você vai ali, viu os ‘teletubies’, de amarelo, viu eles, pronto é morto de Covid que tá vindo. Chegou, a gente já abre e entra direto e nem para […] é uma tristeza. Isso é só aqui, e nos outros cemitérios tá como aí na cidade? Nas notícias falam que é menos. É nada, fica aqui todo dia pra tu ver, tá vendo aquele quadro, tudo aquilo escrito de vermelho é Covid, hoje, uns seis ou sete”.
O cemitério permanece fechado ao público. Apenas os enterros seguem, todos controlados. De acordo com o servidor, desde que iniciou a quarentena tem sido uma crescente os enterros de pessoas vítimas de Covid-19.
Dentro dessa média de oito por dia, por exemplo, em cinco dias da semana, teremos 40, logo, no mês 160 pessoas enterradas somente no Areia Branca, em Santos.
Os números em todo Brasil continuam crescendo.
“O estado de São Paulo chegou a 6.163 mortes causadas pelo novo coronavírus, segundo boletim da Secretaria de Estado de Saúde divulgado neste domingo (24). São 118 mortes a mais em relação ao balanço de sábado (23). Há ainda 82.161 casos confirmados da doença em 508 municípios do estado. Segundo a Secretaria de Saúde, há 11,9 mil pacientes internados no estado, sendo 4.661 em UTI e 7.321 em enfermaria. A taxa de ocupação dos leitos de UTI reservados para atendimento a Covid-19 é de 75,7% no estado de São Paulo e 91,8% na Grande São Paulo” (G1).
A Baixada Santista decretou obrigatoriedade o uso de máscaras e insiste numa campanha tímida de “Fique em Casa”. Contudo, nas ruas o que se constata na prática é a indiferença de parte da população em entender que a situação é grave”.