Torcedores do Santos que lutam contra o fascismo, todas as formas de preconceito e o lucro acima de tudo no futebol moderno realizaram uma ação, neste domingo (24). O objetivo foi marcar posição contrária ao que pretendem o governo federal, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Rede Globo, que detém os direitos de transmissão da maioria das competições no país.
Diante do cenário trágico da pandemia do coronavírus, quando o Brasil já é o segundo país do mundo em número de casos e mortes, atrás somente dos Estados Unidos, as instituições que comandam o futebol desejam apressar o retorno das atividades esportivas e dos campeonatos, com jogos sem público.
Os torcedores antifascistas do Santos colocaram faixas de protesto em frente ao estádio Urbano Caldeira, na Vila Belmiro, em Santos, e ao Pacaembu, na capital paulista.
Eles postaram uma mensagem na página oficial no Facebook, para comentar a ação.
“Estivemos articulados na tarde de hoje (domingo), na Vila Belmiro e no Pacaembu, para levantarmos o debate sobre o desespero do Governo, CBF e Globo em retornar os campeonatos.
Pra início de conversa, é inadmissível que qualquer liderança esportiva ou governamental considere a possibilidade de retomada do futebol no atual panorama brasileiro. A escalada das mortes por Covid-19 e demais consequências da saturação da saúde pública, o caos econômico do povo e a completa turbulência social são razões mais do que suficientes para barrar essa insanidade que estão projetando.
Sedentos pelos lucros congelados, os monopólios do futebol, formados principalmente por CBF e Globo, tentam viabilizar um campeonato simbólico. Um teatro sem público para satisfazer seus patrocinadores e os senhores do capital. Sob uma falsa bandeira de preocupação com as vidas, sugerem os jogos com portões fechados, sem torcida, numa demagogia nunca vista nos últimos tempos.
Alguém acredita que eles estão realmente preocupados com a vida dos torcedores? Ou isso é apenas uma cortina de fumaça para que se permita a volta dos jogos? É óbvio que a segunda opção é a justificativa correta.
Futebol e torcida são indissociáveis. São como imãs naturais. Jogar com portões fechados não impedirá a reunião coletiva, a aglomeração em bares, sedes de torcidas, residências ou em qualquer outro ponto. Essa é a essência do futebol. Na verdade, querem apenas mascarar sua total falta de compromisso com a conscientização popular e as dificuldades já existentes no contexto da pandemia. Os bairros periféricos e grandes centros estão no abismo. Esse estímulo, do ponto de vista da saúde coletiva, é totalmente nocivo e escancara a ganância da burguesia.
Ainda no âmbito da torcida, jogar sem público contribui para a desconexão entre torcedor e time, fortalecendo o futebol superficial e meramente de consumo. É um golpe contra a cultura de arquibancada, um avanço do futebol moderno contra as raízes que nutrem a nossa luta. A questão é simples: se não há condição para a realização de uma partida como ela deve ser, então não se deve realizar a partida.
Além disso, um jogo de futebol movimenta centenas de profissionais dentro e fora de campo, sem contar as famílias indiretamente envolvidas, colocando em risco a saúde de um grande contingente de pessoas. Demagogia pura.
CBF-19 e GLOBO-19: os vírus do futebol.
Os clubes vão falir?
CBF e Globo lucraram, só no ano passado, BILHÕES de reais com o futebol brasileiro. A receita positiva divulgada por essas corporações foi uma das mais astronômicas da história. Qual o plano concreto de subsídio para as equipes das séries A, B, C e D? Por que a CBF não reformula, em caráter emergencial, todas as competições? Rebaixamento, fórmula de disputa e demais condições para garantir a manutenção dos clubes e campeonatos deveriam ser discussões básicas. Mas não para CBF e Globo, que já se posicionaram contra qualquer mudança na estrutura das competições, deixando claro que não perdem um minuto de sono pensando em estratégias compatíveis com esse momento ímpar no mundo.
Estão vendendo o discurso que somente o retorno a qualquer custo poderá livrar os clubes da derrocada quando, na verdade, a obrigação de garantir a sobrevida estrutural do futebol passa necessariamente por esses parasitas que saqueiam nosso esporte. Usam a mesma linha de raciocínio do Governo Federal, que joga nas costas da classe trabalhadora a responsabilidade de sobreviver em meio ao caos, negando ao povo um suporte que é atribuição do Estado.
Aliás, está explícito o apoio do governo para a retomada covarde dos campeonatos. Seria uma grande estratégia para amenizar a convulsão social que ameaça a estabilidade dessa farsa democrática. O povo está sentindo na pele o aprofundamento dos ataques promovidos pela elite econômica do país.
Não queremos um futebol de fachada enquanto seguimos morrendo nos hospitais ou nas filas de empregos.
VIDAS ACIMA DE LUCROS!
FUTEBOL PARA TODOS OU PARA NINGUÉM!
SEM TORCIDA, SEM FUTEBOL!
CBF + GLOBO: PAGUEM A CONTA!”.