“A gente precisa considerar que quando a pessoa está muito cansada e infeliz, ela não consegue trabalhar. Quando o indivíduo está nessa situação, é comum que uma tensão seja criada no ambiente como um todo”, diz a professora à Folha de S. Paulo. “O que temos nesse cenário é a consciência de que o comportamento humano e a disciplina no trabalho afetam também a vida fora dele”.
Números oficiais da China revelam que a taxa de desemprego entre os jovens atingiu um novo recorde em agosto de 2024, saltando de 17,1% para 18,8%. Paradoxalmente, essa realidade contrasta com a cultura corporativa predominante no país, marcada por jornadas exaustivas.
Estudos mostram que em muitos países em desenvolvimento, é comum que trabalhadores façam longas jornadas de trabalho que afetem a sua saúde mental.
Licenças remuneradas
As licenças remuneradas no Brasil são regulamentadas por leis específicas, como a CLT e a legislação eleitoral. No entanto, a “licença por infelicidade” implementada na China não encontra correspondente em nossa legislação. Segundo a advogada, os afastamentos por questões emocionais no Brasil são tratados como licenças médicas, com duração máxima de 15 dias, e exigem atestado médico.
No Brasil, o transtorno de ansiedade atinge cerca de 18,6 milhões de pessoas, o que corresponde a 9,3% da população, que o coloca com o maior percentual de registros de ansiedade em relação a outros países, como Paraguai (7,6%), Noruega (7,4%), Nova Zelândia (7,3%) e Austrália (7%). O estudo foi feito pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Além disso, um estudo recente da People at Work 2023: A Global Workforce View, da ADP Research Institute, revelou que 67% dos trabalhadores brasileiros sofrem com estresse no trabalho, um índice superior à média global de 65%, e que 57% dos entrevistados sentem que seus superiores não estão aptos a conversar sobre saúde mental de forma aberta e sem julgamentos.