Imagine sua cidade natal daqui a algumas décadas. As ruas que conhece tão bem podem estar tomadas por inundações, ou o calor escaldante pode tornar a vida ao ar livre quase insuportável. As mudanças climáticas estão transformando nosso planeta a um ritmo acelerado, conforme já apontou várias pesquisas, e o impacto em cada local será diferente.
Para visualizar esse futuro, cientistas ambientais do Centro de Ciências Ambientais da Universidade de Maryland desenvolveram a plataforma “Clima do Futuro”, que permite explorar o clima de diversas cidades ao redor do mundo, inclusive do Brasil, e visualizar a transformação do clima local ao longo das próximas seis décadas, com base em estudos recentes.
Na pesquisa, os autores empregaram uma técnica inovadora chamada mapeamento climático analógico, que combina dados climáticos futuros de um local com os de outro local já existente que apresenta características climáticas semelhantes. Através dessa comparação, é possível obter uma visão mais aprofundada das mudanças climáticas esperadas para o local em questão.
Para embasar a análise, foi utilizado como fonte de dados o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão internacional de referência sobre o tema. O IPCC fornece projeções detalhadas das mudanças de temperatura esperadas ao longo de 30 anos, considerando dois cenários distintos:
Cenário de baixas emissões: as medidas para combater as mudanças climáticas são implementadas com rigor, resultando em um aumento médio da temperatura global mais baixo;
Cenário de altas emissões: as emissões de gases de efeito estufa continuam crescendo a um ritmo acelerado, levando a um aumento significativo da temperatura global.
Para o professor Matthew Fitzpatrick, ecologista e um dos responsável pelo estudo, “em 50 anos, as cidades do hemisfério norte ao norte vão se tornar muito mais parecidas com as do sul. Tudo está se movendo em direção ao equador em termos do clima que está por vir”, afirmou ele, que tem esperança de que o novo mapa ajude a expor o impacto da crise climática no mundo.
“Espero que ajude as pessoas a compreenderem melhor a magnitude dos impactos e por que os cientistas estão tão preocupados”, acrescentou.