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A 9ª edição da Mostra Cine Debate, atração em São Vicente, tem como objetivo promover o debate sobre a temática dos povos indígenas e estimular a formação de plateia para o cinema documental.

O encontro programou a apresentação de três filmes que têm como pano de fundo a preservação ambiental e a luta pela defesa da cultura e tradições dos povos originários. A exibição será gratuita, neste sábado (22), a partir das 17 horas, no Espaço Multicultural 22 de Janeiro, na Biquinha, em São Vicente.

De acordo com a organização, a Mostra tem a intenção de “dar visibilidade ao exercício de cidadania plena e preservação das tradições das comunidades indígenas crescentes na região”.

A edição trará, pela primeira vez, produções assinadas por diretores indígenas, de outros estados, e por outra realizada em São Vicente.

A obra da região é o recém-lançado filme “Nhãndê Kuery Mã Hi’ãn Rivê Hê’yn”, do cineasta, diretor e curador da Mostra Cine Debate, Dino Menezes. O documentário conta a história da formação e da luta pela terra da aldeia indígena de Paranapuã, em São Vicente, e já foi selecionado em mais de 50 festivais nacionais e internacionais. Foi premiado no 4º Festival Internacional de Cortometrajes Cine Mundo 2023, General Fernández Oro (Argentina), além de receber o troféu Omama Yanomami, do 2º Festival Internacional de Cinema Agroecológico, no Rio de Janeiro.

Serão exibidos ainda “Itsuni Ügüno” (“A Febre da Mata”), do diretor Takumã Kuikuro, e “Festa de Pajés”, de Iberê Périssé.

Dino Menezes acredita que o público terá a oportunidade de visualizar um panorama local e global do mundo indígena a partir dos filmes apresentados, imprimindo o diálogo intercultural que irá conduzir o evento.

“A proposta, além de suprir a ainda escassa produção de filmes com essa temática, tem intenção de propor um diálogo entre o filme de abrangência local com a vanguarda no cinema indígena nacional”, destacou o curador da Mostra.

“Temos filmes que trazem desde rituais milenares a até tribo de São Vicente (a aldeia indígena Paranapuã), narrado em Guarani, passando por uma bela produção do cineasta mato-grossense Takumã, um artista brasileiro que é reconhecido internacionalmente, da tribo Kuikuro”, afirmou o produtor da mostra e mediador, Rodrigo Pompeu.

Ele convidou Menezes para levar a Mostra para São Vicente justamente por ele retratar a aldeia da cidade em sua produção.

Pompeu deseja que a exibição possa fazer com que os moradores da Baixada Santista desenvolvam respeito, reverência e conhecimento da cultura dos povos originários.

“Além de aprender mais sobre uma outra forma de encarar nossa relação com o meio que nos cerca e, quem sabe, mudar nossa perspectiva de vida e do que realmente importa”, avaliou.

O evento terá a abertura com apresentação do coral guarani Tekoá Paranapuã e contará com exposição e venda de artesanato indígena.

Após os filmes, acontece um bate-papo com participação do cacique Ronildo Amandios e representantes dos filmes, mediado por Pompeu.

Para tornar a mostra realmente inclusiva, a exibição dos filmes terá legendas-descritivas e a presença de intérprete em Libras para o público com deficiência auditiva. Após o evento do sábado (22), a Mostra Cine Debate deve circular em escolas e entidades vicentinas.

Sobre a Mostra

Criada em 2017, a Mostra Cine Debate tem como objetivo a promoção do cinema na Baixada Santista e a reflexão de questões sociais, políticas e culturais da região, promovendo a interação entre cineastas, pensadores, artistas locais e público em geral.

Além da direção e curadoria de Dino Menezes, produção e mediação do debate de Rodrigo Pompeu, esta edição da Mostra tem produção geral e executiva de Vanessa Rodrigues Aguiar.

A iniciativa da Dino Filmes, Atelier About e Rodrigo Pompeu Produções foi realizada com apoio da Lei Paulo Gustavo, Prefeitura de São Vicente, Ministério da Cultura e do Movimento Audiovisual da Baixada Santista (MABS).

Filmes selecionados

“Itsuni Ügüno” (“A Febre da Mata”) (Doc 9’44”)

Direção: Takumã Kuikuro.

O pajé e sua família saem para pescar. Durante a pesca, uma onça se aproxima e começa a esturrar, assustada, em busca de ajuda. Seu grito é um alerta. O pajé retorna imediatamente para a aldeia e avisa o seu povo sobre o perigo que se aproxima. Ele busca força espiritual na pajelança à medida que sua preocupação cresce. O fogo invade a floresta e os animais fogem procurando abrigo, mas muitos não resistem e morrem. A floresta arde em chamas e depois a seca é extrema.

“Festa de Pajés” (doc 19’43”)

Direção Iberê Périssé.

No alto do Rio Negro, próximo ao município de São Gabriel da Cachoeira, no estado do Amazonas, precisamente na Terra Indígena do Balaio, reuniram-se pajés do Povo Ye’epá Mahsã. Esse encontro não acontecia havia mais de 100 anos, pois fora proibido por missionários salesianos. Com condução de Álvaro Tukano, familiares das mais variadas gerações, aldeias e etnias, reúnem seus saberes e tradições e proporcionam uma verdadeira festa envolta às medicinas.

“Nhãndê Kuery Mã Hi’ãn Rivê Hê’yn (Doc 12’)

Direção Dino Menezes.

O filme “Nhãndê Kuery Mã Hi’ãn Rivê Hê’yn’ (“Não Somos Apenas Sombras”) narra, em guarani, a história e os desafios atuais da aldeia indígena Paranapuã, localizada em São Vicente. O documentário propõe que indígenas se vejam em tela de cinema, como protagonistas da sua própria história.

Serviço

Mostra Cine Debate
Local: Espaço Multicultural 22 de Janeiro (Praça 22 de Janeiro, Biquinha, São Vicente).
Data: 22 de Junho de 2024 – das 17h às 19h.
Entrada gratuita.