A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo divulgou um manual para um bom manejo clínico das arboviroses, com ênfase na dengue. O material servirá como base para a elaboração do Roteiro de Supervisão Técnica de Ações de Controle Vetorial das Arboviroses para 2024.
O objetivo principal é enfrentar os desafios e gargalos no combate ao Aedes aegypti, especialmente durante a epidemia de dengue, zika e chikungunya no estado.
O manual aborda a necessidade de estratégias eficientes para melhorar o cenário de controle das arboviroses, que incluem a detecção precoce da doença, acesso adequado a cuidados médicos e medidas de controle vetorial mais eficazes.
Arboviroses são doenças causadas por vírus transmitidos principalmente por mosquitos. No ambiente urbano, as mais comuns são dengue, chikungunya e zika, todas transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.
O estado de São Paulo já registrou mais de 1 milhão de casos de dengue em 2024, segundo dados do painel de monitoramento da doença divulgados pela Secretaria Estadual da Saúde (SES). O número total de casos confirmados é de 1.014.167, dos quais 1.241 são considerados graves. Até o momento, 681 óbitos foram registrados, com outros 808 em investigação.
A infectologista pediátrica Carolina Brites destacou a importância do novo material sobre arboviroses, especialmente a dengue. “Este material traz observações cruciais sobre o manejo clínico das arboviroses. É fundamental que a detecção precoce da progressão da doença e o acesso a cuidados médicos sejam priorizados para reduzir drasticamente as taxas de mortalidade”, explicou a médica.
“O manual reforça a necessidade de cuidados especiais com gestantes e puérperas, devido ao alto risco de morbimortalidade nesse período”, acrescentou Carolina.
OMS alerta que não há tratamento específico para dengue
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não há tratamento específico para a dengue, e a detecção precoce da progressão da doença, juntamente com o acesso a cuidados médicos adequados, pode reduzir as taxas de mortalidade para menos de 1%.
O Ministério da Saúde também ressaltou que a ocorrência de óbitos está frequentemente relacionada ao não reconhecimento ou à não valorização dos sinais de alarme da doença. Além disso, a procura por múltiplos serviços de saúde sem conduta adequada e o volume de hidratação inferior ao recomendado são fatores que contribuem para o aumento da mortalidade.
A infectologista avaliou que sintomas como febre, mialgia e cefaleia devem ser considerados suspeitos de arboviroses, principalmente dengue.
“É crucial reforçar a hidratação adequada e manter uma alimentação leve para diminuir as formas graves da doença, além de monitorar os pacientes por pelo menos 48 horas após a febre”, orientou.
Ela ainda fez um alerta: “Jamais tomar medicação sem prescrição médica. Isso pode agravar o quadro clínico e dificultar o manejo adequado da doença”, finalizou Carolina, mestre em Ciências Interdisciplinares em Saúde e professora universitária.