O Fórum Brasileiro de Segurança Pública e a Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo reuniram evidências para denunciar ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP) a execução de um homem com deficiência visual durante a Operação Verão, na Baixada Santista. O caaso ocorreu no início de fevereiro.
A mãe de Hildebrando Neto, de 24 anos, apresentou documentos que atestam que o filho era cego de um olho e tinha 20% de visão no outro. Já no boletim de ocorrência (BO) do caso, os agentes declararam que entraram na casa pelos eeguintes motivos:
A porta estava aberta;
Havia uma denúncia de tráfico de drogas no local;
E porque, “quando adentraram num segundo cômodo, foram surpreendidos por Hildebrando, que apontou uma pistola”;
Os policiais contaram que atiraram três vezes em legítima defesa;
Davi Gonçalves, amigo de Hildebrando, estava junto com ele no momento e também foi morto sob a mesma justificativa. Agora, há a suspeita de que a PM tenha chegado ao endereço dele por engano, em busca de um criminoso.
Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, conta que Hildebrando foi casado com uma mulher que, atualmente, namora Kaique Coutinho do Nascimento, conhecido como Chip, apontado como assassino do soldado da Rota Samuel Wesley Cosmo, de 35 anos.
“O endereço dela, todos os cadastros dela, eram justamente o endereço do Hildebrando, com quem ela tem dois filhos. As informações que temos disponíveis indicam que, muito provavelmente, na verdade, Hildebrando foi confundido com o assassino do soldado Cosmo”, afirmou Samira.
Kaique Coutinho foi detido em Uberlândia (MG), no dia 14 fevereiro, e transferido para São Paulo em seguida. Depois da morte do soldado, a polícia intensificou a Operação Verão na Baixada Santista, que já acumula 858 suspeitos presos, 39 mortos e 610 quilos de drogas apreendidos.
A mãe de Hildebrando não se conforma: “Um absurdo eles não procurarem saber direito para onde eles estão indo, quem eles estão procurando. Tem uma grande diferença. [Chip] era mais fortinho, um rosto bem mais redondo. Meu filho é magrelo, alto, o rosto mais comprido. Hildebrando era cego”.
Ouvidoria da polícia
Para o ouvidor das polícias, o fato de Hildebrando ser cego levanta dúvidas sobre a versão de que ele teria apontado uma arma na direção dos policiais.
“Esse caso tem muito a se esclarecer ainda. A dinâmica dos fatos, uma série de outros fatores precisam vir à tona para gente entender o que aconteceu naquele local”, disse Cláudio Silva, ouvidor das polícias de São Paulo.
O que diz o governo de SP
Em nota. A SSP reforçou que os policiais atiraram depois que dois homens apontaram armas na direção deles.
Além disso, ressaltou que as pistolas dos suspeitos e um fuzil foram apreendidos no local. O caso é investigado pelas polícias Militar e Civil. Os laudos periciais serão encaminhados para análise das autoridades responsáveis.
Com informações do G1.