A irreverência e a potência criativa da mulher santista já têm lugar garantido na exposição “Batom, Lápis & O Que Elas Quiserem”, em duas obras assinadas pela designer Márcia Okida. A mostra anual, que reúne ilustrações, charges, cartoons, caricaturas e outras expressões do universo do humor gráfico é parte do Salão Internacional do Humor de Piracicaba. Com mais de 50 anos de tradição, é considerado o maior evento do gênero no país.
Ao lado de obras e nomes reconhecidos no Brasil e em várias partes do mundo, como Laerte, Carol Ito e a colombiana Elena Ospin, Márcia Okida apostou no seu estilo minimalista para conceber as caricaturas que representam as cantoras Clara Nunes e Rita Lee, as duas obras selecionadas para a exposição de 2024, entre as 63 autoras de 12 países, selecionadas para a mostra. “Foi uma grata surpresa”, comemorou Márcia, que já está se tornando veterana na exposição.
Isso porque, na edição do ano passado, a designer teve três obras selecionadas. “Esse reconhecimento ao estilo do meu trabalho me estimulou a criar mais artes homenageando mulheres, preferencialmente brasileiras, dentro do meu estilo de trabalho autoral”.
Além disso, ela reforçou o seu apelo para que o Brasil valorize o trabalho das desenhistas feministas. “O Brasil possui muitas artistas, desenhistas de humor – quadrinhistas mulheres profissionais já consolidadas e da nova geração -, mas, infelizmente, a visibilidade feminina nessa área ainda é inferior à dada aos artistas homens”.
Sem TPM
A versão feminina do tradicional evento de Piracicaba começou em 2011, com o nome “Batom, Lápis e TPM”, nome este, criticado pelas participantes por sua conotação machista e estereotipada. Foi só no ano passado que a sigla TPM foi substituída por “e o que elas quiserem”. “Era preciso furar esta bolha e mostrar o universo feminino do humor gráfico. Embora tenha sido criado tardiamente, a mostra tem sido requisitada, levada adiante e a cada ano se consolida mais”, acredita a artista.
Sobre o processo criativo, a designer santista disse que seu principal propósito hoje é retratar mulheres, sobretudo àquela que admira e simboliza a cultura brasileira. “Uso uma estética minimalista, geométrica, reforçando alguns símbolos, traços e preferências dessas artistas que, muitas vezes, já morreram. Normalmente, são obras criadas totalmente com o uso apenas de uma forma geométrica – o círculo – forçando a criatividade e o minimalismo gráfico”, detalhou Márcia. As obras selecionadas para a exposição se utilizam deste expediente, pois ambas se desenvolvem a partir de um elemento inicial circular.
Quanto ao sentimento de ver seu nome entre autoras talentosas do mundo todo, ela resumiu em uma só palavra: “Motivação. É daí que vem a inspiração para seguir buscando mulheres expressivas, sempre com o meu olhar e estilo baseados em linguagens do design”.
Exposição
“A mostra volta ao Engenho Central na edição de 2024, com a expectativa de um grande público para prestigiar às obras de mulheres do mundo todo, reunidas no Armazém 14. Estamos empolgados com a montagem deste ano, pela primeira vez no Armazém 14, onde também acontece anualmente o Salão Internacional de Humor de Piracicaba”, destacou o diretor do Cedhu, Junior Kadeshi.
A abertura da exposição “Batom, Lápis & O Que Elas Quiserem” acontece no sábado (9), a partir das 19h, no Armazém 14 do Engenho Central, em Piracicaba. Serão expostas 140 obras, produzidas por 63 mulheres de 12 países. A visitação gratuita vai até o dia 7 de abril, de quinta e sexta-feira, das 9h às 16h30, e sábados, domingos e feriados, das 12h às 18h.
Abaixo, as duas obras escolhidas pela exposição e produzidas por Márcia Okida:
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