O homem encontrado esfaqueado e morto com a mulher em um apartamento da Rua Frei Francisco Sampaio, no bairro do Embaré, em Santos, já havia sido preso em flagrante por violência doméstica. Na oportunidade, a esposa foi agredida pelo suspeito durante uma viagem do casal. Não há informações se o filho deles, de 17 anos, que foi apreendido após apresentar “contradições” no depoimento da morte dos pais, estava no local.
O que aconteceu
Segundo o boletim de ocorrência (BO), o filho do casal disse à PM ter tentado salvar a mãe, Barbara Rodrigues Dias Ruas, de 37 anos, que foi esfaqueada e estrangulada pelo pai, Paulo Renato Vieira Thenorio, de 39, após uma série de discussões. O rapaz, porém, não soube explicar a morte do homem, que também foi esfaqueado e tinha um fio elétrico enrolado ao pescoço. Ele foi levado à Fundação Casa, mas já foi solto e irá responder o processo em liberdade.
De acordo com o BO, o casal já havia se envolvido em uma ocorrência policial em agosto de 2023. Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), testemunhas relataram que eles estavam hospedados em um hotel em São Bernardo do Campo (SP) e que a mulher foi agredida pelo marido em uma das avenidas da cidade.
O homem foi preso em flagrante e, depois de passar por uma audiência de custódia, foi levado ao Centro de Detenção Provisória III de Pinheiros. O caso foi registrado como violência doméstica, lesão corporal, dano e injúria no 3º DP do município do ABC Paulista.
Na ocasião, a autoridade policial solicitou medidas protetivas de urgência à vítima, além de exames ao Instituto Médico Legal (IML) e Instituto de Criminalística (IC).
Em nota, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou que o homem teve a revogação da prisão preventiva concedida pelo Poder Judiciário em novembro de 2023. Naquele momento, ele estava na Penitenciária de Itaí (SP) após uma transferência.
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) comunicou que o processo está em segredo de Justiça. O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), por sua vez, não se manifestou.
Relembre o caso
Em depoimento, o jovem disse que chegou em casa na companhia de dois amigos e, por volta das 5 horas, ouviu gritos da mãe, que estaria sendo agredida no quarto do casal por Paulo. Conforme o relato do filho, ele deixou os amigos em seu quarto, “para não envolvê-los nos problemas da família”, e foi até os pais.
O rapaz explicou que conseguiu separar os dois e conteve as agressões, mas, na sequência, o pai teria lhe desferido um soco no rosto. Ao ouvir a mãe gritar, novamente, por socorro, o jovem correu e aplicou uma gravata no pai, afastando-o da mãe.
Em seguida, Barbara teria se trancado no cômodo do casal e o filho foi para seu quarto, onde também havia fechado a porta. Mais uma vez, porém, de acordo com o rapaz, ele ouviu a mãe pedindo socorro, pois Paulo teria invadido o quarto pela janela – o apartamento da família fica no térreo.
Nesse momento, o filho entrou no cômodo e viu o pai golpeando a mãe com uma faca, na região torácica. Segundo o jovem, ele pulou sobre o pai e teve êxito em quebrar a arma “num instinto de defesa”, de modo que os três caíram no chão.
Paulo, então, teria atacado Barbara novamente. O filho, por não ter sucesso em conter o estrangulamento da mãe, ficou apavorado ao vê-la não reagir mais e correu para fora do prédio para pedir ajuda. No depoimento, o filho concluiu sua versão alegando que não sabe como o pai morreu e que seus dois amigos teriam acionado às autoridades e o atendimento médico.