A presidente da Sociedade de Melhoramentos da Vila Pantanal, no bairro do Saboó, Ana Bernarda, denuncia que o local está sofrendo com falta de água, justamente no momento em que é mais do que necessária a constante higienização das pessoas, em consequência do avanço do coronavírus.
“Esse problema é recorrente, acontece há mais de quatro anos. Temos centenas de famílias, com crianças, idosos e pessoas com deficiência. Na Favela Pantanal, a água só chega nas casas das 4 às 9 da manhã. Como não há condições de armazenar adequadamente, as famílias guardam em baldes. Só que com a pandemia é muito complicado a população ficar sem a mínima proteção, que é água e sabão. Os direitos negados mais uma vez”, desabafa Ana, que também é presidente da Associação do Litoral Santista de Amigos e Portadores de Esclerose Múltipla (Alsapem), além de integrante do Conselho Municipal de Saúde.
Ela disse que tentou contato com a prefeitura de Santos, com o objetivo de obter um posicionamento, embora a questão do fornecimento de água seja atribuição da Sabesp. Ela conta que enviou uma mensagem à equipe do prefeito Paulo Alexandre Barbosa.
“O pessoal do alto da colina aqui na Vila Pantanal, Saboó, está sem água e tem muitos idosos, até acamados, muitas crianças. As famílias estão sem insumos, produtos de limpeza e higiene e alimentos. Nessa pandemia, estou muito preocupada”, relata a presidente da Sociedade de Melhoramentos.
Ela informa que a resposta da prefeitura foi esta: “Olá, Ana Bernarda. O abastecimento de água é de responsabilidade da Sabesp. Entramos em contato com a Sabesp e ela nos informou que houve manutenção e limpeza da caixa d’água, que abastece o bairro. A falta foi de um dia, e as casas que não possuem caixa d’água ou reservatório sentem a falta, mas o abastecimento foi normalizado. Atenciosamente, Equipe PAB”.
Segundo Ana, a caixa d´água mencionada não existe. “É favela, não tem caixa d´água. Então, eles nem vieram olhar. Essa é a equipe do Paulo Barbosa”, conta.
Após isso, ela tentou contato com a ouvidoria. Mandou uma mensagem explicando que existem centenas de famílias sem água há muitos dias. Ela citou que, com a pandemia, além de não terem insumos, como produtos de higiene e limpeza e alimentos, as pessoas correm perigo sem o abastecimento normal de água. No entanto, não houve resposta.
Comissão de Direitos Humanos
A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Santos recebeu, na quarta-feira (25), a denúncia de falta d’água na Vila Pantanal. A comunidade possui cerca de mil famílias, totalizando mais de 4.800 pessoas.
Com a ausência do serviço básico, principalmente diante da pandemia do novo coronavírus, a Comissão encaminhou ofícios à prefeitura de Santos e à Sabesp cobrando o restabelecimento emergencial do serviço.
No início da semana, a Comissão também recebeu denúncias sobre falta d’água nos cortiços do Centro, Vila Nova e Paquetá. “A situação tem sido comum também em palafitas, morros e demais bolsões de pobreza de Santos”, comenta a vereadora Telma de Souza (PT), presidente da Comissão Municipal de Direitos Humanos.