Bispos angolanos da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), que tem como líder Edir Macedo, proprietário da TV Record, denunciam que a instituição levou, ilegalmente, de Angola para a África do Sul US$ 30 milhões a cada três meses. O total somado atinge US$ 120 milhões por ano.
De acordo com reportagem de Gilberto Nascimento, publicada no UOL, Fernando Henrique Teixeira, pastor e ex-diretor da TV Record África, foi apontado como responsável pelo esquema. A operação teria se repetido nos últimos 11 anos.
A denúncia foi feita por bispos e pastores locais. Eles se revoltaram contra a direção brasileira da Iurd, no final de 2019. “A imagem para representar o que acontecia em Angola era a de um saco sem fundo: tudo o que entrava saía”, revelou o ex-pastor angolano Armando Tavares.
Em nota, a assessoria de imprensa da Universal em Angola, em nota, desmentiu a denúncia: “É totalmente falsa esta questão. É totalmente sem fundamento. Isto é uma versão levantada por estes ex-pastores e pastores de dissidências com o objetivo de tomar a igreja. Eles criaram a sua versão a fim de tomar a igreja, uma vez que é um crime. Todas as ofertas da igreja são totalmente declaradas aqui para o Estado e a esta versão que os dissidentes levantaram é totalmente infundada”.
Por sua vez, a Igreja Universal no Brasil preferiu se manifestar dizendo que a liberdade religiosa está em risco em Angola.
Fernando Henriques Teixeira atuava nos últimos anos como executivo da TV Record África. Porém, ele teria obtido o visto e a autorização para trabalhar em Angola como pastor.
A parte principal do dinheiro ilegal ia de carro para Johannesburgo, na África do Sul. Os dólares estariam escondidos em malas, no forro dos veículos e até em pneus, segundo as denúncias.
Na sequência, Teixeira seguia de avião para a África do Sul. Recolhia o dinheiro e o encaminhava para o líder da Universal no país, o bispo brasileiro Marcelo Pires, ainda de acordo com os relatos.
Então, o dinheiro seria levado a Portugal, muitas vezes pelo próprio bispo Edir Macedo, em seu jato particular, conforme as denúncias encaminhadas à polícia angolana.
Bispos e pastores viram réus por lavagem de dinheiro e associação criminosa
Fernando Henriques Teixeira se tornou réu em maio na Justiça de Angola por lavagem de dinheiro e associação criminosa, ao lado do bispo Honorilton Gonçalves, ex-vice-presidente da TV Record no Brasil e até 2020 líder da Iurd no país africano; do pastor brasileiro Valdir de Sousa dos Santos; e do bispo angolano Antônio Pedro Correia da Silva, ex-representante legal da igreja e da Record no país.
O julgamento do caso Igreja Universal do Reino de Deus estava previsto para começar nesta quinta (18), em Luanda.