O ministro da Educação, o pastor santista Milton Ribeiro, entrou em cadeia de rádio e televisão na noite de terça-feira (20) para defender o retorno imediato de todos os alunos às salas de aula do Brasil, em todos os níveis de ensino. Com o típico comportamento bolsonarista de se isentar de responsabilidade o tempo todo, clamou pela volta dos estudantes dizendo que não tinha poder para determiná-la, citando governadores e prefeitos.
No entanto, a rigidez de Ribeiro sobre o regresso dos alunos aos bancos escolares brasileiros contrasta com os gastos de sua pasta para informar a população sobre a pandemia e o ambiente escolar. De janeiro a maio deste ano, o MEC gastou R$ 1,6 milhão em publicidade oficial, mas nenhum tostão para campanhas informativas sobre a segurança da volta às aulas.
A propaganda oficial do Ministério da Educação destinou-se a divulgar as alterações do Novo Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), o curso ABC, para professores alfabetizadores, inscrições do Sisu (Sistema de Seleção Unificado) e para incentivas diretores de unidades de ensino a preencherem os dados do Censo Escolar, além de uma breve campanha sobre a isenção da taxa de matrícula do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).
Sem surpresa
Para especialistas no tema, o fato de o governo Jair Bolsonaro não gastar em campanhas falando sobre a pandemia e seus riscos não é novidade, tampouco causa estranhamento, já que a gestão federal vem ignorando o assunto em todas as áreas.
Catarina de Almeida Santos, dirigente da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e professora da UnB (Universidade de Brasília), analisa o quadro e opina nesse sentido. “O MEC bate na tecla de que as escolas precisam abrir, mas nem fez campanhas consolidadas para explicar para as famílias porque as escolas precisam abrir, o que aconteceu durante o último ano nas escolas e a importância de manter os estudos mesmo no ensino remoto”, diz.