Uma amostra do coronavírus do primeiro paciente infectado no País, um homem, de 61 anos, depois de ter voltado de uma viagem a Itália, uma equipe do Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes (Leve) do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, em parceria com outros docentes do IB, da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) e do LNBio, deu início nesta semana ao processo de elaboração de um teste para a detecção do coronavírus. Os pesquisadores iniciaram os procedimentos que visam dar agilidade ao diagnóstico local e, assim, contribuir para o controle da doença.
Os diagnósticos seguirão sendo realizados pelo laboratório de referência de São Paulo, o Instituto Adolfo Lutz. No entanto, um diagnóstico rápido e local, que deverá ser realizado pela Divisão de Patologia Clínica da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, é importante para dar agilidade ao encaminhamento do paciente.
“Vai continuar indo para o Adolfo Lutz, mas vai ter um fluxo paralelo para ser testado no Hospital das Clínicas, na tentativa de minimizar esse tempo, visando uma estratégia de contenção adequada dos pacientes positivos. Isso é muito importante”, diz o coordenador do LEVE, José Luiz Proença Módena. No processo de controle do coronavírus na China, segundo o professor, a diminuição do número de casos passou pela rápida detecção dos casos positivos e o isolamento imediato dos sintomáticos, com acompanhamento àqueles que apresentavam agravo dos sintomas relacionados à doença. “É algo que estamos tentando mimetizar e fazer igual aqui no estado de São Paulo”, afirmou.
A partir do efeito citopático, a próxima etapa segue com a inativação do vírus e a extração do seu material genético, o RNA, para a obtenção do material que será utilizado como controle positivo. “Com esse controle positivo a gente pode padronizar a reação de detecção, que é uma reação que busca encontrar fragmentos genômicos, ou seja, resquícios genômicos do vírus nas amostras coletadas de pacientes suspeitos”. Caso se encontre os fragmentos, é possível afirmar que um paciente testou positivo para o Covid-19.
Todos os testes realizados no LEVE com o Covid-19 são realizados em laboratório de biossegurança de nível 3, que está preparado para trabalhar com agentes de risco nível 3, como no caso do coronavírus. Há sistema de exaustão, de controle de pressão e de esterilização que não permitem a saída do vírus para o ar e que minimizam o risco de contaminação para os profissionais que manipulam o microrganismo.