Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Cerca de 2,95 milhões de domicílios brasileiros sobreviveram, em novembro, apenas com a renda do auxílio emergencial de R$ 300. Ele foi pago a quem perdeu renda com a pandemia do novo coronavírus. O dado consta em estudo do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) divulgado nesta quarta-feira (6).

O benefício foi instituído inicialmente com o valor de R$ 600. Em setembro, ele foi cortado pela metade pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido), sob alegação de que não havia recursos para mantê-lo naquele valor. Ele foi encerrado em dezembro pelo governo federal.

Mesmo representando 28% do salário mínimo vigente em novembro, R$ 1.045, o auxílio significou para 4,32% dos domicílios a única fonte de renda naquele mês. Se a situação não mudar, essas famílias poderão ficar sem nenhuma fonte de subsistência a partir deste ano.

Outro dado revelado pelo Ipea dá conta de que 27,45% do total de domicílios do país permanecia sem nenhuma renda do trabalho efetiva em novembro.

Além disso, o estudo constatou que, no penúltimo mês do ano passado, os rendimentos médios da população corresponderam a 93,7% da renda média habitual. Os trabalhadores por conta própria foram os mais atingidos: receberam 85,4% do habitual naquele mês.

O estudo tem sido feito pelo Ipea para analisar os efeitos da pandemia de Covid-19 sobre o mercado de trabalho e o impacto do auxílio emergencial na renda dos brasileiros. Os pesquisadores do instituto usam como base os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Covid-19, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Fabíola Salani
Graduada em Jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo. Trabalhou por mais de 20 anos na Folha de S. Paulo e no Metro Jornal, cobrindo cidades, economia, mobilidade, meio ambiente e política.