O rapper Buddy X, paulistano radicado no Guarujá, escreveu comovente texto em sua conta do Facebook, nesta terça-feira (10), sobre a sua atuação como educador na Fundação Casa, em São Vicente. Para ele, sempre foi melhor não saber os crimes dos menores para não fazer distinção entre eles.
Inspirado no médico Dráuzio Varella, que foi criticado por abraçar, em programa da TV Globo, uma mulher trans condenada por estupro de menor, Buddy fez comparações com o seu caso. Ele afirma que, “enquanto dava aula de Rap, na Fundação Casa de São Vicente-SP, nunca quis saber qual o crime que qualquer adolescente havia cometido para estar naquele lugar.
Para o rapper, seu receio era que “caso soubesse, poderia fazer (Até inconscientemente…) qualquer diferença entre os adolescentes, e isso seria uma atitude, da qual seria inadmissível para mim”, afirma.
Ele conta que um dia, numa conversa entre funcionários, sem querer ouviu sobre um aluno seu. “Ele havia matado a namorada e o irmão dela, e cortado os corpos e escondido em sacos plásticos. Foi muito triste para mim, mas ainda assim descobri ser capaz de dar minhas aulas sem fazer diferenças”, afirma. O rapper diz ainda que, “embora ainda preferisse não ter sabido, continuei ensinando Rap e mais do que isso, trocando ideias com os adolescentes visando passar uma outra visão de mundo a eles”.
Ao final, Buddy diz ter cumprido a sua obrigação, “e não me arrependi nunca disso, afinal não sou juiz, sou apenas um brasileirinho invocado que procura aprender e ensinar com a esperança de fazermos um Brasil menos desigual”.
Para ele, “a desigualdade é o maior crime de todos e os menores infratores não são a causa, mas sim a consequência da perversidade arquitetada neste sistema em que vivemos! Nossa juventude abandonada, refletirá num futuro sombrio, onde não caberão julgamentos das pessoas que nunca fizeram nada para que tudo isso fosse diferente”, encerra.
Veja o post de Buddy X abaixo:
