Por Luisa Fragão, da Revista Fórum
Uma pesquisa mundial elaborada pela ONG Plan International revela que, no Brasil, 77% das adolescentes e jovens mulheres já sofreram algum tipo de assédio nas redes sociais. O índice é muito superior à média mundial, que é de 58%. O estudo “Liberdade Online?” ouviu 14 mil pessoas de 22 países.
As entrevistadas tinham entre 15 e 25 anos, mas a idade mínima para se cadastrar nas redes sociais é de 13 anos. Alguns relatos, no entanto, apontam situações de assédio aos oito anos no ambiente virtual.
O problema mais relatado na pesquisa foi a linguagem abusiva. Ao todo, 58% das entrevistadas disseram ter sido vítimas desse tipo de assédio. Body shaming, expressão utilizada para quando se expõe alguém ao ridículo por causa do seu corpo, foi vivenciado por 54%. Em seguida, está o constrangimento proposital, vivido por 52%.
Muitas das jovens sofreram assédios de diferentes tipos. Em 47% dos casos, o assediador era um desconhecido, em 38% eram conhecidos e em 38% eram anônimos. Em relação às consequências do assédio, 41% das jovens tiveram estresse mental e emocional, 39% sensação de insegurança física e 29% perda de autoestima.
Poder público
O estudo afirma, no entanto, que a solução não é estimular a saída das jovens das redes, mas sim conscientizar famílias e exigir punições por parte do poder público, assim como cobrar das empresas das redes sociais mecanismos mais severos para inibir ações do tipo.
“As redes sociais têm que ter mecanismos de proteção. As garotas denunciam, eles criam novo perfil e o ciclo continua. Às vezes, os comentários são postados abertamente, gerando um constrangimento ainda maior. Por isso, elas afirmam com frequência que não se sentem seguras nas redes. Não é à toa que 46% afirmam que sofrem mais assédio online do que na rua”, afirma Cynthia Betti, diretora executiva da Plan International, em entrevista ao jornal O Globo.