Rodrigo de Oliveira Morais, estudante do primeiro ano do curso de Direito da Universidade Católica de Santos (UniSantos), pediu o cancelamento da sua matrícula na quarta-feira e se desligou da instituição de ensino. A informação é da assessoria de imprensa da UniSantos. Morais foi denunciado por racismo por Carolina Souza de Almeida, estudante do terceiro ano do mesmo curso, por postar publicações preconceituosas, que viralizaram na internet. Outros alunos da universidade pediam a expulsão do aluno.
Morais deve agora dar prosseguimento aos seus estudos no curso de Direito em outra universidade fora da Baixada Santista.
Diante da repercussão negativa, o acusado apagou seu perfil das redes sociais e declarou que foi “mal-interpretado” pelos seus atos. Uma das publicações que provocaram revolta nos estudantes faz referência ao assassinato de George Floyd por um policial, em Minneapolis, Estados Unidos. A imagem mostra Floyd, depois de morto, com o seguinte texto: “Morri e virei branco. Obrigado, ‘sinhor’”. O mesmo aluno compartilhou imagens alusivas ao nazismo, afirmando que “quem luta contra o racismo não precisa ser negro, e sim burro”. Além disso, ele postou outra imagem, colocando que o DNA dos negros é formado por correntes.
De acordo com o advogado Flávio Viana, a Comissão de Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil- Subseção de Santos chegou a pedir a abertura de um processo disciplinar para a expulsão do aluno da UniSantos e providenciou apoio psicológico para Carolina. Já existe uma representação protocolada no Ministério Público e um Boletim de Ocorrência (BO) feito.
Viana, que é integrante da Comissão, disse ainda que foi solicitado à diretoria da OAB o envio de ofício e cobrança de providências para os seguintes órgãos: Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial e Étnica da Prefeitura de Santos; Conselho Municipal de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra e de Promoção da Igualdade Racial de Santos; Universidade Católica de Santos; Câmara Temática de Direitos Humanos do Condesb; Coordenadoria de Políticas para a População Negra e Indígena (CPPNI) do Governo do Estado de São Paulo; Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra de São Paulo; Núcleo de Discriminação Racial da Defensoria Pública do Estado de São Paulo e Ministério Público.
Revolta
Indignada, Carolina postou uma mensagem no Instagram: “Será que vidas negras importam mesmo? TODOS esses prints são de uma das redes sociais de um garoto da minha faculdade (postados como meme) e eu senti tudo!! Menos que as vidas negras REALMENTE importam… o nosso sofrimento até comove mas as pessoas continuam em silêncio! Isso fere a minha existência! Fere de verdade, o racismo dói. Não adianta NADA compartilhar que as vidas negras importam e permanecer em silêncio diante de coisas desse tipo! Se esse post chegar até o garoto que postou esses absurdos, saiba que você não mencionou ninguém nos seus posts mas feriu um mar de pessoas!”.
UniSantos
De acordo com a assessoria de imprensa da universidade “foi formada uma comissão para avaliar o material postado pelo estudante e houve um novo encaminhamento para o Ministério Público. Mas, o estudante pediu cancelamento da matrícula nesta quarta e já foi desligado da instituição”.