Presidenta da Comissão Parlamentar de Saúde de Santos, a vereadora Telma de Souza (PT) apresentou requerimento, solicitando explicações da prefeitura sobre o atraso na instalação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Complexo Hospitalar da Zona Noroeste.
Segundo a vereadora, a unidade não está sendo usada como foi anunciado pela prefeitura, inclusive para tratamento do coronavírus. Ainda de acordo com Telma, estava prevista a utilização de 12 leitos de UTI, sendo que sete já estavam em fase de implantação, além de 33 de enfermaria.
Há informações preliminares, conforme afirmou a vereadora, que os equipamentos programados para a UTI do hospital da Zona Noroeste teriam sido destinados ao Hospital Vitória, instituição privada, localizada à Rua Monsenhor Paula Rodrigues, na Vila Belmiro, que está, provisoriamente, servindo ao município como hospital de campanha para a Covid-19.
“Precisamos saber porque os sete leitos de UTI não foram implantados e disponibilizados, se há alguma relação entre este fato e a utilização do Hospital Vitória no atendimento à Covid e qual o motivo da Zona Noroeste ficar sem um hospital de campanha. Ter o Complexo Hospitalar como referência é fundamental para assegurar a saúde e a vida dessas pessoas numa situação extrema”, destacou a presidenta da Comissão Parlamentar de Saúde.
Para a ex-prefeita de Santos, ter a garantia dos leitos de UTI e um hospital de campanha numa região populosa como a Zona Noroeste, como foi divulgado anteriormente pela prefeitura, seria estratégico para o enfrentamento à doença. “Os milhares de moradores da Zona Noroeste continuam sem a retaguarda de UTI na região onde moram. É preocupante”, diz Telma.
O que diz a prefeitura
O Folha Santista procurou a prefeitura e, por meio de uma nota, obteve o seguinte posicionamento:
“A Secretaria de Saúde de Santos esclarece que as compras de equipamentos, camas e outros itens, para a abertura de leitos Covid-19 na rede municipal, foram feitas de forma centralizada pela pasta, de acordo com as quantidades previstas para cada unidade ou hospital de campanha.
Os leitos do hospital de campanha Vitória puderam ser abertos, antes do que os do Complexo Hospitalar da Zona Noroeste, após a liberação de R$ 19 milhões do governo do estado para o custeio mensal da unidade.
A pasta destaca que o hospital de campanha Vitória não é privado, sendo destinado 100% para atendimento de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Ele foi montado em imóvel particular, cedido gratuitamente ao município para o período da pandemia.
Houve investimento de R$ 1,7 milhão para a ampliação da rede de gases e outras adequações para o aumento da capacidade de 46 para 131 leitos.
Outros R$ 2,2 milhões foram aplicados na compra de leitos e equipamentos, os quais serão aproveitados posteriormente nas unidades da rede municipal. Se a prefeitura optasse por construir hospital de campanha com estrutura semelhante provisória, como em ginásios, estádios e outros espaços, o investimento seria muito superior, em torno de R$ 30 milhões, de acordo com os valores gastos em outros municípios.
Todos os equipamentos necessários para os 32 leitos previstos no Complexo Hospitalar da Zona Noroeste, sendo 13 deles de UTI, já foram providenciados pelo município. As obras no hospital estão em fase final e a abertura dos novos leitos deve ocorrer até o início de julho.
A prefeitura de Santos já realizou a abertura de 420 leitos para pacientes Covid-19 em unidades sob gestão municipal, sendo 111 deles de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Contando com o Hospital Guilherme Álvaro (estadual), ao todo são 490 leitos (145 de UTI) para pacientes Covid-19 na rede SUS de Santos.
A taxa de ocupação geral tem girado em torno de 40% e, portanto, não há falta de leitos para tratamento dos munícipes de nenhuma região da cidade.
Os moradores da Zona Noroeste com suspeita de Covid-19 podem procurar as policlínicas dos seus bairros – a região possui sete unidades – para a triagem das equipes de enfermagem e/ou médica.
Se o paciente estiver com sintomas, serão colhidas as secreções das mucosas nasal e oral, para o exame RT-PCR em laboratório particular contratado pela prefeitura. As pessoas em casos mais graves, em situação de urgência/emergência, podem procurar a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Zona Noroeste, localizada na Avenida Jovino de Melo, 927 (Areia Branca).
A UPA conta com centro de triagem na sua área externa para atendimento de casos suspeitos da doença e coleta de amostras para análise laboratorial (RT-PCR), após avaliação médica.
Quando há necessidade de internação, o paciente fica em observação em área de isolamento até a transferência de ambulância para leito hospitalar”.