Um vídeo feito por uma moradora da comunidade Vila Fátima, de São Vicente, registrou o momento em que policiais militares (PMs) perseguem e atiram em suspeitos de tráfico de drogas. O episódio ocorreu na manhã de segunda-feira (19). Um dos considerados suspeitos, de 20 anos, foi preso em flagrante.
As cenas não mostram se os tiros disparados atingem os suspeitos. A Secretaria da Segurança Pública (SSP), por sua vez, nega, mas moradores da região afirmam que ele teria sido baleado de raspão. O Samu foi acionado, mas teria sido dispensado pela PM, também na versão de moradores. Veja a troca de tiros:
A pasta afirma que a perseguição teve início quando policiais que faziam patrulhamento na região, conhecida como Dique do Piçarro, tentaram abordar dois indivíduos em “atitude suspeita”. A dupla fugiu, e um deles teria atirado contra os PMs.
Segundo o relato da Secretaria da Segurança, o rapaz teria jogado a arma no canal localizado na Rua José Rosindo dos Santos Filho. Na sequência, havia sido capturado pelos policiais. Com ele, foram apreendidas porções de maconha, cocaína e crack, além de um telefone celular. A pasta não menciona feridos. O outro suspeito teria fugido. O caso foi registrado como “drogas sem autorização ou em desacordo” na Delegacia de Polícia de São Vicente.
Tiro de raspão
Moradores da comunidade dizem que o suspeito teria sido baleado de raspão enquanto tentava atravessar o canal. “O menino foi pular para o canal para atravessar para o outro lado. O policial deu uns tiros na reta dele, mas não chegou a catar, foi de raspão. Se catou, catou um só. O menino conseguiu sair da água de boa. O policial mandou ele sair e ele foi rastejando”, diz um morador.
Segundo ele, o policial teria dito ao suspeito: “Queria ter te matado. Sorte que tu não morreu”.
Polícia dispensa ambulância
O Samu foi acionado por moradores para socorrer o homem ferido. Segundo o motorista da ambulância, no entanto, a polícia teria pedido que os socorristas fossem embora. Moradores confrontaram o condutor sobre o motivo de eles estarem indo embora. “A polícia mandou a gente embora”, diz ele.
Mortes no litoral
De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, 30 pessoas morreram em incursões policiais na Baixada Santista desde o último dia 3 de fevereiro, quando teve início uma nova operação contra a criminalidade na região, após a morte do soldado da Rota Samuel Wesley Cosmo.
Quando levadas em consideração também as cidades de Mongaguá e Itanhaém, que fazem parte da região metropolitana da Baixada Santista, o número de mortos por PMs desde o dia 3 de fevereiro chega a 33 — um dos casos por policial fora do horário de serviço.
Caso sejam levadas em consideração as mortes cometidas por PMs a partir do assassinato do policial Marcelo Augusto da Silva, em 26 de janeiro, somam-se mais 10 casos na região metropolitana da Baixada Santista entre 28 e 31 do mês passado — três deles por policiais militares fora de serviço, no dia 30, no Guarujá.
Ou seja, desde a morte do PM Silva, em 26 de janeiro, policiais militares, em serviço ou não, já mataram ao menos 43 pessoas em cidades da região metropolitana da Baixada Santista.
Com informações do Metropóles