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Trocados na Beneficência Portuguesa, corpos de vítimas da Covid são enterrados por engano

Hospital pediu desculpas pelo erro e revelou que abrirá sindicância para apurar a responsabilidade na troca de informação aos familiares sobre os sepultamentos

Foto: Divulgação/Beneficência Portuguesa

A dor que atingiu duas famílias pela perda de dois parentes, em consequência da Covid-19, foi agravada porque os corpos foram trocados no momento do velório, no Hospital Beneficência Portuguesa de Santos. O corpo de Márcia Pereira Franco, de 48 anos, foi trocado e enterrado no lugar de Marcelo Aninguaço de Oliveira, de 72.

Em entrevista à Vanessa Ortiz, do G1, familiares revelaram que as duas pessoas ficaram internadas durante um período de 21 dias, por complicações decorrentes do coronavírus, e ambas morreram na quarta-feira (9).

Márcia estava no Hospital Ana Costa, enquanto Marcelo, no Hospital Vitória. Os dois foram encaminhados à Beneficência Portuguesa, depois do óbito, para serem preparados para velório e sepultamento.

Gabryella Franco Nogueira, sobrinha de Márcia, disse que sua família recebeu a orientação para chegar ao hospital às 13 horas desta quinta-feira (10), para a realização do cortejo fúnebre, antes do sepultamento, no Cemitério Areia Branca, mesmo local onde seria o de Marcelo.

Após determinado tempo, a organização um funcionário da Beneficência avisou os familiares que os corpos tinham sido trocados. “Quem identificou esse erro foi o rapaz da funerária. Na hora que foi levar o corpo para começar o cortejo, ele viu”, conta a sobrinha.

A família do idoso foi avisada na sequência, porém, já havia realizado o sepultamento do corpo que achava que fosse o certo.

“Eu estava saindo do cemitério quando a moça da administração chamou a gente para falar que havia um problema, e que o pessoal da Beneficência tinha pedido para que eu fosse lá reconhecer o corpo do meu pai. Falei que tinha acabado de enterrá-lo, e foi quando ela falou que tinha ocorrido a troca”, afirma a filha de Marcelo, Márcia Bastitas de Oliveira.

Depois da descoberta do erro, o corpo de Márcia foi desenterrado e levado de volta ao hospital, para novo reconhecimento.

A família de Marcelo precisou realizar dois sepultamentos em poucas horas.

O caso foi registrado no 5º Distrito Policial de Santos e será investigado pela Polícia Civil.

A Beneficência Portuguesa de Santos, por meio de nota, alegou que as informações sobre as saídas dos caixões foram trocadas, e que abrirá sindicância para apurar a responsabilidade. A direção pede desculpas pelo erro.

Veja a íntegra da nota:

“A direção do hospital abrirá sindicância para apurar a responsabilidade na troca de informação aos familiares sobre o sepultamento do Sr. Marcelo Aninguaçu de Oliveira [72 anos] e da Sra. Márcia Pereira Franco [48 anos], ambos na tarde desta quinta-feira, no Cemitério de Areia Branca, nesta cidade.

Os corpos em urnas lacradas devido ao falecimento por Covid-19, em suas identificações constando os horários de sepultamento com diferença de 30 minutos, respectivamente, 13h e 13h30.

A informação sobre as saídas dos caixões foi invertida, e quando o motorista do segundo sepultamento se preparava para sair, a equipe do Serviço de Luto percebeu o engano e de imediato entrou em contato com a direção do cemitério onde já estava a urna com o corpo que deveria ser sepultado às 13h30, e lá também estavam seus familiares.

De imediato, foi providenciada a informação para que os corpos não fossem enterrados com nomes trocados.

Lamentamos profundamente a dor dos familiares pela perda de seus entes queridos, bem como pelo imenso transtorno causado, pois em meio à pandemia da Covid-19, quando fatores alheios à nossa vontade, independentemente dos cuidados que procuramos ter diante das diferentes situações ocasionadas pelo momento de dor em que vivemos, aflorado pelas incontáveis perdas, somos surpreendidos por essa adversidade. A despeito das providencias que serão tomadas, nosso pedido de desculpas”.

Com informações do G1

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