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Por que polícia não vai investigar morte de jovem baleada por amiga com arma de PM

Maria Eduarda Fardelone de Carvalho morreu em confraternização no Guarujá

A vítima fatal Maria Eduardo - Foto: Arquivo Pessoal

Uma ocorrência trágica foi registrada durante uma reunião de amigos em um apartamento localizado no Guarujá. Maria Eduarda Fardelone de Carvalho, de 25 anos, morreu depois de ser atingida por um tiro acidental.

Apesar da morte da jovem, a Polícia Civil informou que não vai investigar o caso. O delegado Antônio Sucupira Neto, titular do DP Sede, destacou que os depoimentos dos envolvidos foram colhidos no dia da ocorrência, com o flagrante sendo feito em seguida. A conclusão é que o disparo foi “acidental”. Com isso, o caso foi encaminhado à Justiça, de acordo com reportagem do G1.

O tiro fatal aconteceu em um apartamento alugado por um grupo de amigos, no bairro da Enseada, na noite de 20 de outubro. Uma das mulheres pegou a arma de um policial militar (PM), de 28 anos, que estava de folga e era amigo dela, e a tragédia se consumou.

Maria Eduarda morreu no local. O PM e a autora do disparo chegaram a ser presos. Porém, o agente teve a liberdade provisória concedida e a mulher pagou fiança de R$ 1,5 mil, respondendo pelo crime em liberdade.

“Todo mundo [foi] ouvido no dia e mandado para o Fórum. Não [vai ter investigação] porque é autoria conhecida: a menina que atirou [e o] PM, que era dono da arma. [Foi] feito flagrante e [o caso foi] encaminhado à Justiça”, esclareceu o delegado.

O que disseram a autora do disparo e o PM

O boletim de ocorrência (BO) aponta que a jovem que efetuou o disparo afirmou, em interrogatório, que estava na sala com Maria Eduarda e o PM. Ela não sabia que o rapaz estava armado, mas o viu colocando a pistola na cintura e ficou curiosa. A jovem pediu a arma ao policial, para manusear, e ele teria alegado ser perigoso, já que ela não tinha experiência.

Mesmo assim, o agente teria tirado a arma da cintura, retirado as munições e entregado na mão da mulher. Ela relatou à corporação que Maria Eduarda pediu para ver a pistola também. Foi quando fez um movimento com o braço direito para entregar a pistola à amiga.

Ainda conforme depoimento, ela não sabia que havia um projétil na câmara de disparo e, também, não conhecia o mecanismo de funcionamento da arma. Acreditava que, ao retirar o pente de projéteis, não haveria mais munição.

Porém, o policial militar apresentou outra versão. Ele afirmou que não entregou a arma à amiga. Disse que manteve a pistola guardada e que, pouco antes do disparo, a colocou em cima do sofá enquanto calçava o tênis.

Ele escutou as duas jovens conversando a respeito da arma e, em seguida, ouviu o disparo. Na sequência, viu Maria Eduarda caída no chão e a outra mulher jogar a arma no sofá.

“Cabe à Justiça decidir”, diz delegado

O delegado declarou, ainda, que cabe à Justiça decidir sobre os próximos passos. “Como a gente diz, estavam todos os personagens presentes. O que vai faltar é o laudo da arma e do Instituto Médico Legal (IML) da vítima”.

Na avaliação de Sucupira, com base no registro da ocorrência feito por outro delegado, não há possibilidade de o tiro não ter sido acidental. Ele também comentou sobre a declaração da mãe da vítima. Ela afirmou não acreditar que o disparo tenha sido sem intenção.

“A gente respeita porque é uma mãe que perdeu uma filha de 25 anos, mas se houver a dúvida ou por parte do juiz ou do Ministério Público, eles vão pedir para que a gente investigue”, afirmou o delegado.

Mãe da vítima quer justiça

A microempresária Rose Fardelone, mãe de Maria Eduarda, apelou para que a morte da filha seja investigada pelas autoridades.

“Meu coração de mãe não sente que foi acidental. Precisamos de justiça ou realmente da verdade Foi muito doloroso, perdemos o chão”, relatou.

Rose acha que “muitas coisas” a respeito do caso “precisam ser esclarecidas”. Ela questionou, também, o fato de a autora do tiro poder responder em liberdade depois de pagar fiança.

“Pelo que sabemos, ela não estava em condições financeiras para [pagar] esse montante na hora”. Ela concluiu dizendo que não conhecia a amiga da filha responsável pelo disparo. A autora, conforme a mãe, não procurou a família da vítima.

Maria Eduarda estudava gastronomia e deixou um filho, que completará 2 anos em dezembro.

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