As forças de segurança policial do estado de São Paulo efetuaram mais três mortes em menos de 12 horas na Baixada Santista. Com isso, a 3ª fase da Operação Verão, cujo início se deu em 7 de fevereiro passado, após a morte do soldado da Rota, Samuel Wesley Cosmo, já contabiliza 43 vítimas fatais.
O que aconteceu
Jeferson Roberto Romano, de 32 anos, foi morto pela Polícia Militar na madrugada desta terça-feira (12), na Rua Claudio Luís da Costa, no bairro Itararé, em São Vicente. Segundo o boletim de ocorrência (BO), a polícia recebeu a denúncia de que ele teria a missão de matar três oficiais e, por isso, uma equipe da corporação foi até a casa onde Jeferson morava. No local, segundo o BO, ele teria apontado uma pistola para os PMs, que revidaram com disparos.
De acordo com o relato apresentado pela Polícia Militar, a equipe foi até a residência para apurar a denúncia anônima que havia sido recebida pelo Disque Denúncia. No imóvel, Jeferson foi acusado de estar envolvido com a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e a missão de matar três policiais militares, sendo um deles um PM que é casado com a irmã da esposa dele.
Conforme o BO, a missão seria uma vingança por parte da facção, com relação à morte de um homem ocorrida no bairro José Menino, em Santos. Quando os PMs chegaram à casa do acusado, ao abrir a porta, Jeferson correu para o interior de um dos cômodos e teria voltado com uma pistola semiautomática, apontando em direção aos agentes. O boletim diz que os policiais dispararam três vezes com um fuzil e outras duas vezes com uma pistola contra o homem.
Jeferson foi socorrido e encaminhado ao Hospital do Vicentino, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Em nota, a prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria da Saúde (Sesau), confirmou que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado para essa ocorrência.
A pasta ainda informou que, ao chegarem ao local, os profissionais da saúde encontraram uma vítima masculina, com ferimento de arma de fogo, sendo atendida pelo Corpo de Bombeiros. Após os primeiros socorros, a vítima foi encaminhada ao Hospital do Vicentino. Na unidade, o homem foi intubado e recebeu manobras de ressuscitação, mas não resistiu.
Depoimentos de testemunhas
No boletim de ocorrência, ainda consta que no imóvel estavam presentes a esposa de Jeferson, a sobrinha dela e uma criança de colo. Nenhuma arma foi encontrada com elas. Na delegacia, elas prestaram depoimento.
A esposa de Jeferson contou que estava dormindo com o marido no sofá da sala, quando alguém bateu na porta. Nesse momento, ele teria acordado e correu até um dos quartos do apartamento. Depois disso, ela diz que ouviu disparos e viu o marido alvejado.
A mulher ainda acrescentou que o marido não possuía arma e disse que desconhecia o fato de que ele faria parte de uma facção criminosa. Ela afirmou que o homem já havia sido preso por roubo, mas foi solto na metade do ano passado, e que seu apelido era “Azul”.
Já a sobrinha dela, informou que estava dormindo em um dos quartos com a filha pequena, quando ouviu mais de um disparo, mas não soube precisar a quantidade de tiros.
A polícia ainda entrou em contato com o PM apontado como um dos agentes que seriam mortos e que era casado com a cunhada de Jeferson. Em depoimento, ele conta que soube da denúncia e que, na manhã desta segunda-feira (11), foi ouvido pela Corregedoria da Polícia Militar sobre os fatos. Por fim, acrescentou que nunca teve qualquer contato com Jeferson e afirmou que sempre teve um bom relacionamento com a cunhada.
A pistola e o celular que foram encontrados com o suspeito, bem como o fuzil e as pistolas dos policiais, foram apreendidos e passarão por perícia. No boletim de ocorrência, não foi informado se houve acionamento da perícia para o local dos fatos. O caso foi registrado como resistência, tentativa de homicídio e morte decorrente de intervenção policial na Delegacia Sede de São Vicente.
Operação Verão
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de SP confirmou que os dois homens mortos no Dique do Sambaiatuba, em São Vicente, na tarde de segunda-feira (11), integram a ação de policiais da Operação Verão. Além disso, foi informado que um dos mortos cumpria pena desde 2022 em regime aberto, por tráfico de drogas e porte ilegal de arma de uso restrito. Já o outro havia saído da prisão em 2018 e tinha passagens por tráfico de drogas, roubo, furto e porte ilegal de arma de uso restrito.
A pasta ainda informou que, desde o início da 1ª fase da ação, em 18 de dezembro, 891 criminosos foram presos, incluindo 344 procurados pela Justiça, e 653,5 quilos de drogas foram retirados das ruas. Além disso, 90 armas ilegais, incluindo fuzis de uso restrito, foram recolhidas.
Por fim, a SSP afirmou que todos os casos de mortes em confronto são rigorosamente investigados pelas polícias Civil e Militar, com acompanhamento do Ministério Público e do Poder Judiciário.
Com informações de A Tribuna.