Moradores da Vila Santa Clara, bairro da cidade do Guarujá, denunciam que agentes da Ronda Ostensiva Municipal (Romu), tropa armada da Guarda Civil Municipal (GCM), teriam feito disparos a esmo com arma de fogo na comunidade, aterrorizando a vizinhança. A prefeitura nega [leia nota ao final desta matéria].
A “ação” teria acontecido na quarta-feira (2), em meio à Operação Escudo, deflagrada na cidade pela Polícia Militar do Estado de São Paulo (PM-SP) após a morte do soltado da corporação Patrick Bastos Reis e que, desde a última sexta-feira (28), já resultou na morte de, pelo menos, 16 pessoas – número que vem fazendo a operação ser classificada como uma chacina.
O caso dos agentes da GCM foi divulgado pelo advogado Dimitri Sales, presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo (Condepe-SP), que esteve no Guarujá colhendo denúncias sobre condutas abusivas dos agentes de segurança.
“Clima de tensão permanece no Guarujá! No final da tarde, a ROMU, força da GCM do Guarujá, invadiu a Vila Santa Clara disparando a esmo, assustando especialmente crianças. Foram muitos tiros! Cápsulas de balas foram recolhidas por moradores, que relataram pânico durante a ‘operação’. Qual a razão da ROMU está estimulando o pânico num contexto já tão difícil?”, questionou Dimitri, que ainda divulgou uma foto das cápsulas de munição, supostamente disparadas pelos guardas municipais, colhidas pela população.
Em entrevista à Fórum, Dimitri Sales relatou que os agentes da Romu, além de fazerem disparos com armas de fogo, ainda detiveram dois adolescentes e depois os soltaram.
“A Guarda Civil Municipal, por meio do Romu, que é uma tropa de elite da GCM, resolveu entrar na comunidade e atirar, entrou numa rua, estava cheio de crianças na rua e começou a atirar pra cima, começou a a disparar. E aí eles pegaram dois adolescentes. Minutos depois eles soltam os rapazes. Não tem nenhum cabimento o fato dessa operação ter acontecido. Você espalha o terror, você apreende pessoas, você solta sem nenhum registro. Ou seja, agora a novidade é que a GCM resolveu participar da brincadeira [em referência à operação da PM], né? Isso é inaceitável”, adverte o presidente do Condepe-SP.
Outro lado
Em nota enviada à Fórum, a Secretaria Municipal de Defesa e Convivência Social (Sedecon) da prefeitura do Guarujá, responsável pela Guarda Civil Municipal, negou que os agentes tenham efetuado disparos de arma de fogo na Vila Santa Clara, informando que a corporação esteve no local após ser acionada para atender a uma ocorrência em uma escola.
Confira a íntegra:
“A Secretaria Municipal de Defesa e Convivência Social (Sedecon) afirma que não houve disparos efetuados pela equipe de Ronda Ostensiva Municipal (Romu) na quarta-feira (2), na comunidade Santa Clara.
A Romu foi acionada, por volta das 14h30, para prestar apoio a uma solicitação da direção da Escola Municipal Francisco Figueiredo, localizada à Avenida Tancredo Neves, na comunidade Santa Clara. Os agentes se deslocaram ao local, fizeram o atendimento e seguiram com o patrulhamento de rotina.
A Sedecon mantém-se à disposição para eventuais esclarecimentos, bem como para promover a devida apuração de possíveis denúncias de abusos por parte de seus agentes”.