O nervosismo e a ansiedade turvaram os pensamentos de Kelly Rosa dos Santos, de 36 anos, ao notar que havia perdido mais de R$ 1,3 mil em um “golpe do Pix”. A moradora de Praia Grande explicou que fez a transferência logo após receber um e-mail da sua agência bancária. Desesperada, ela seguiu instruções de um falso funcionário do banco que a representa e apenas suspeitou da atitude quando era tarde demais: “Você se sente idiota, burra, vítima”, desabafa.
Líder de uma hotelaria, Kelly estava trabalhando quando, na última quinta-feira (22), recebeu a mensagem eletrônica. O remetente dizia que tinha uma compra online em análise no seu cartão de crédito, no valor de R$ 1.599,99 e que, se ela não reconhecesse a transação, deveria fazer uma ligação para a instituição financeira.
A vítima acreditou na palavra do homem, que parecia “totalmente profissional”. Ele descreveu que seria necessário bloquear a conta e o limite do cartão para impedir a ação criminosa e, em seguida, enviou dois links pelo WhatsApp.
Quando clicou e seguiu passo a passo, com os links copiados, Kelly acabou fazendo duas transações via Pix: uma de R$ 828,41 que tinha na conta corrente, outra de R$ 500 por meio da modalidade crédito.
O homem ainda mandou que ela fosse até outro aplicativo de banco. A princípio, a mulher iria realizar um empréstimo, cujo valor possivelmente cairia na conta dos golpistas, quando parou para refletir sobre a situação. “Deu aquele estalo”, lembra-se.
“Ansiedade à flor da pele”
Kelly desligou o telefone, mas conta ter recebido nova ligação uma hora depois. “Eu fiquei bem nervosa, com a ansiedade à flor da pele”. Apesar de triste pela situação, ela fala que respira aliviada por não ter aceitado o empréstimo de R$ 20 mil, o que aumentaria o seu prejuízo. “Eu estaria só por Deus”.
A mulher registrou um boletim de ocorrência (BO) na delegacia eletrônica por fraude e estelionato. “Fica difícil, porque a gente acha que está falando com o banco. Só que isso serviu de lição. Porque, agora, eu não resolvo absolutamente mais nada por telefone. Nem que eu venha a faltar no trabalho. Porque eu vou me dirigir à minha agência e resolvo as coisas lá”, afirma.
Uma vez contatada por Kelly, o Nubank lhe informou que nunca entra em contato por telefone com seus clientes. A maioria das informações é atualizada pelo próprio aplicativo. Na tarde desta quarta-feira (28), a instituição financeira devolveu o dinheiro que ela perdeu no golpe.
“Golpe da falsa central”
Por meio de nota, o Nubank disse não comentar casos específicos para preservar o sigilo bancário de seus clientes, mas que está em contato com Kelly para prestar os devidos esclarecimentos.
“O chamado ‘golpe da falsa central’ afeta clientes das mais diferentes instituições financeiras e, por isso, o Nubank disponibiliza publicamente em seus canais oficiais, como o blog e a plataforma SOS Nu, orientações de segurança sobre como se prevenir e quais medidas específicas tomar nesses casos”, informa a empresa.
A companhia investe em campanhas de prevenção e alerta para a população geral, como, por exemplo, a #PareceMasNãoÉoNubank, além de apoiar iniciativas da indústria, como a #TemCaraDeGolpe da ABBC.
O Nubank ressaltou manter um canal para denúncias, que permite o relato de suspeitas de fraudes e tentativas de golpe.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) informou que a Polícia Civil aguarda representação da vítima para o prosseguimento das investigações.
Com informações do G1