“Não quero ver minha mãe morrer na UPA sem ter recebido nenhum tratamento oncológico, que é digno e de direito”, desabafa filha de Dirce Azanha

A pensionista tem um câncer na região torácica e precisa de uma internação hospitalar

Reprodução/Facebook

O drama por uma vaga em um hospital da região não atinge somente os infectados pelo coronavírus. A família da pensionista Dirce Azanha, de 67 anos, luta pela internação dela para tratamento de um câncer no mediastino (região torácica dividida em duas partes, limitada lateralmente pelos pulmões, à frente pelo esterno, embaixo pelo diafragma e atrás pela coluna vertebral). Desde o dia 18, ela está na Unidade de Pronto-Atendimento do Jardim Quietude e no local não existem mais recursos para atendê-la. O caso já está nas mãos do Ministério Público que vai acionar judicialmente os responsáveis.

Lilian Souza, uma das filhas de Dirce, revelou que a mãe se sentiu mal no dia 6 passado e a levou até a UPA. Lá foi feito um exame de raio-x, onde foi constatado a existência do tumor. “O médico deu alta e encaminhou para a Usafa (Unidade de Saúde da Família) para tratamento. Aí, os médicos solicitaram a internação de urgência, com cirurgia do tórax”. Dia 18, em casa, a pensionista piorou e foi levada de ambulância novamente para UPA do Quietude. “Um médica chegou a pedir a remoção dela para o Hospital Irmã Dulce, pois no pronto-socorro não existem muitos recursos para esse tipo de tratamento”.

Ela lembrou que a partir daí começou a peregrinação atrás de uma vaga em um hospital. “Começou o dilema do Cross (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde) e estamos aguardando uma vaga para internação dela. Demos entrada com dois pedidos, um de internação e outro de cirurgia. Até o Ministério Público pediu os laudos e documentos e vai tentar nos ajudar”, disse a filha.

O Sistema Cross é o responsável pela distribuição dos pacientes para as vagas de atendimento nas áreas hospitalar e ambulatorial.

Lilian destacou que enquanto a mãe não consegue uma vaga na Oncologia, ela precisa ser internada em algum hospital, para sair da UPA. “A situação dela está se agravando desde ontem (terça-feira). Ela precisa de oxigênio, está com muita dificuldade. Caíram muito os batimentos cardíacos e está parando de se alimentar. Ela é ativa, não dá nem para acreditar nisso. Ela está com insuficiência cardíaca. O médico falou que o tumor está empurrando o coração e pressionando o pulmão”.

“O estado da minha mãe está grave. Foi feito um raio-x agora e o câncer voltou mais forte. A única coisa que eu quero é ela tenha a dignidade de um tratamento. Se ela vai sobreviver ou não é outra questão. Não quero ver minha mãe morrer na UPA, sem ter recebido nenhum tratamento oncológico, que é digno e de direito. Não posso falar nada dos médicos e enfermeiros de lá. Estão sendo excepcionais. Tratam minha mãe muito bem. Na segunda-feira, foi aniversário dela e eles compraram um bolinho e cantaram parabéns para ela”, desabafou.

Prefeitura
A Prefeitura de Praia Grande informou que “a paciente em questão está recebendo todos os cuidados possíveis na unidade, ela está inserida no CROSS desde que deu entrada no PS. O CROSS é um sistema do Estado portanto em relação à previsão de transferência seria com o DRS-IV (Departamento Regional de Saúde)”.

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