Um adolescente de 15 anos morreu após contrair leptospirose em Praia Grande. O pai do jovem ainda não sabe em que local o filho foi infectado. No entanto, moradores da cidade suspeitam que a origem da disseminação da doença esteja na escola onde o garoto estudava.
Tudo começou no dia 10 de novembro. De acordo com o pai da vítima, Joseilson Souza, de 53 anos, seu filho, Nikolas Dreger do Nascimento, queixou-se de fortes dores de cabeça, mas só foi ao médico no dia 14. Na oportunidade, eles foram ao Pronto Socorro do Quietude, onde o rapaz tomou remédio para a dor e voltou para casa. O incômodo, porém, prosseguiu, e Joseilson levou o filho, no dia seguinte, ao Pronto Socorro Central.
Na unidade, o jovem foi submetido a uma radiografia da região da face. Com os resultados do exame, os médicos avaliaram que ele estaria com suspeita de ter contraído leptospirose. “Aí, decidimos transferi-lo para o hospital Beneficência Portuguesa (em Santos), onde ele ficou internado durante quatro dias, mas, infelizmente, não resistiu”, relembra.
O pior, relata o pai, é que seu filho fez, no dia 16, o exame de testagem para a doença no hospital. Mas o resultado, que foi positivo, só foi emitido nesta segunda-feira (27).
Pai busca respostas
Nikolas era aluno do 9° ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Sylvia de Mello, do bairro Vila Antártica. A unidade de ensino está sendo investigada como possível disseminadora da doença. Seu pai, entretanto, diz que não consegue afirmar onde o filho foi infectado. Nas redes sociais, a escola postou uma nota de pesar sobre o aluno.
A doença pode ter se alastrado
Quem também está sofrendo com os sintomas da doença é o estudante da unidade Michael Rocha, de 17 anos. O jovem disse que vem sendo medicado para conter a infecção. Segundo ele, os sintomas, como dores nas articulações e na cabeça, vômito, sangramento e moleza, começaram há cerca de duas semanas.
“Acredito que eu tenha sido infectado na escola, pois, se fosse a água da rua, acho que outras pessoas de fora teriam pegado também, mas foram só alunos”, comenta.
Homenagens e comoção
Familiares e amigos de Nikolas se reuniram, na última sexta-feira (24), para realizar uma passeata pelas ruas de Praia Grande. Com cartazes, carros e motos, eles prestaram homenagens ao adolescente. No veículo do pai é possível ver um cartaz com a frase “Eterno Nick”.
“Eu não tenho nem palavras para o que aconteceu. Até agora, não encontrei resposta. Está muito difícil viver sem meu filho. Éramos nós dois e a irmã mais velha dele, de 16 anos. Ele era muito parceiro e vivia feliz. Agora, vou ter que tentar lidar com a vida sem ele”, lamenta o pai.
Município
A prefeitura de Praia Grande e a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina, responsável pela gestão compartilhada do Pronto Socorro Central, informaram que Nikolas passou em atendimento no dia 16 de novembro com quadro de mialgia, febre, cefaleia e astenia.
De acordo com a Administração Municipal, no local, o garoto foi avaliado e foi feita a hipótese diagnóstica de leptospirose. Porém, a família resolveu levar o paciente para o hospital do plano de saúde, não permanecendo na unidade.
A prefeitura ainda esclareceu que só há um caso confirmado no momento (o de Nikolas). No entanto, dois outros estão em investigação e ambos os pacientes se encontram estáveis e em casa.
A Administração Municipal também informou que a Vigilância Sanitária e a Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde Pública (Sesap) realizaram duas visitas à escola nos últimos dias e está sendo finalizado um documento com apontamentos, a ser enviado à Diretoria de Ensino de São Vicente, por tratar-se de escola estadual. O município acrescentou que a Divisão de Saúde Ambiental está desenvolvendo ações de bloqueio nas ruas onde o adolescente morava e na escola.
Estado
A Secretaria Estadual de Educação foi procurada para emitir um posicionamento sobre a situação da escola. Entretanto, por enquanto não retornou.
Com informações de A Tribuna